Sociedade
20 março 2023 às 12h25

Aplausos e lágrimas no cortejo fúnebre à entrada de Campo Maior

Foi com muita emoção que centenas de pessoas receberam o cortejo fúnebre do empresário Rui Nabeiro. As lágrimas foram visíveis em muitos rostos, em especial nos dos funcionários de empresas do Grupo Nabeiro -Delta Cafés.

DN/Lusa

Centenas de pessoas, a maioria funcionários do Grupo Nabeiro - Delta Cafés, receberam esta segunda-feira o cortejo fúnebre do empresário Rui Nabeiro na rotunda de entrada em Campo Maior, pouco depois das 10:00, com palmas e muita emoção.

No centro da rotunda foi colocado um cartaz que diz "obrigado, Sr. Rui" e as pessoas que quiseram prestar esta última homenagem na passagem do cortejo fúnebre ladearam a entrada da vila onde o empresário nasceu, no distrito de Portalegre.

Mal o carro funerário entrou na rotunda ouviram-se as palmas da multidão. Com muitas das pessoas vestidas de preto em sinal de luto, as lágrimas foram visíveis em muitos rostos, em especial nos dos funcionários de empresas do grupo identificados por um pin da Delta ao peito.

A multidão de funcionários da Novadelta ovacionou a chegada do cortejo fúnebre do empresário Rui Nabeiro àquela unidade fabril durante 13 minutos,

O corpo de Rui Nabeiro, que morreu no domingo aos 91 anos, deu entrada na fábrica às 10:18, com os funcionários - dispensados hoje e na terça-feira do serviço - a receber o cortejo fúnebre fardados, como num dia habitual de trabalho.

No cortejo seguiam também os filhos do empresário e netos, entre outros familiares que, visivelmente emocionados, agradeceram aos presentes a homenagem a Rui Nabeiro.

Maria João Cunha, funcionária da Novadelta há 21 anos, foi uma das trabalhadoras que aguardaram emocionadas o cortejo fúnebre, recordando à Lusa que conhecia Rui Nabeiro "desde criança", sendo para si "quase um avô".

"É uma perda muito difícil. Aquela rotina diária de cumprimentar os funcionários vai fazer falta, custa muito saber que já cá não vamos ter o nosso chefe maior", lamentou.

A funcionária disse ainda que vai "recordar para sempre" uma conhecida frase que Rui Nabeiro lhe dizia com frequência: "Eu não quero que trabalhem mais, quero que trabalhem bem."

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As pessoas que se concentraram na rotunda dispersaram, depois, pela vila e, um pouco mais à frente, no Jardim Municipal, muitos foram os que se posicionaram para assistir novamente à passagem do cortejo, rumo à Igreja Matriz.

Numa das pontas do jardim está a estátua do comendador Rui Nabeiro. Na base, a Lusa observou várias velas acesas e flores, colocadas por populares, e, nas mãos da escultura que representa o empresário, uma coroa de flores branca.

"Desde ontem [domingo, dia em que o empresário morreu] que as pessoas começaram a meter aí as flores na estátua, até as velhinhas", contou à Lusa Natividade Pereira, de 60 anos, nascida e criada em Campo Maior.

Depois de já ter estado na rotunda, Natividade aguardava no jardim para ver novamente o cortejo fúnebre e recordou à Lusa que conhecia "o senhor Rui desde pequena".

"Os meus pais moraram onde ele vivia, na Praça da República, quando era criança, e lembram-se de o ver descalço muitas vezes", evocou.

Rui Nabeiro, de origens humildes e que veio a tornar-se num dos maiores empresários em Portugal, "sempre foi uma pessoa bem simples", disse a habitante.

"Se houvesse mais empresários assim no país era bem bom", argumentou.

No jardim, enquanto esperavam, muitos eram os populares que aproveitavam para tomar um café - da marca Delta - num dos quiosques.

Além da Novadelta, o cortejo fúnebre passou por outras empresas de Rui Nabeiro, tendo chegado à Igreja Matriz de Campo Maior, onde está a decorrer o velório, pouco depois das 11:00.

O empresário Rui Nabeiro, fundador do Grupo Nabeiro - Delta Cafés, morreu no domingo, aos 91 anos, vítima de doença, no Hospital da Luz, em Lisboa.

Notícia atualizada às 11:41