Sociedade
15 dezembro 2021 às 18h47

Maria José Morgado diz que nada vai atrasar extradição de Rendeiro

"Os requisitos exigíveis aparentemente estão preenchidos, se estão preenchidos, tenho uma previsão otimista", disse a procuradora do Ministério Público jubilada sobre o processo de extradição do ex-banqueiro João Rendeiro, detido na África do Sul.

DN/Lusa

A magistrada Maria José Morgado disse esta quarta-feira que "nada vai atrasar" o processo de extradição do ex-banqueiro João Rendeiro e, tendo em conta que se verificam os requisitos exigíveis, manifestou uma "previsão otimista" numa decisão sul-africana nesse sentido.

À entrada para a cerimónia de entrega dos Prémios Tágides 2021, que apresentam a sua primeira edição e os primeiros vencedores numa cerimónia no auditório da Fundação Champalimaud, em Lisboa, Maria José Morgado recusou comentar concretamente quer o caso da detenção do ex-ministro da Economia Manuel Pinho, quer o caso da detenção na África do Sul do ex-banqueiro condenado pela justiça portuguesa, João Rendeiro.

No entanto, questionada sobre eventuais atrasos na tradução do processo que a Procuradoria-Geral da República deve enviar para a justiça da África do Sul para fundamentar o pedido de extradição de João Rendeiro, Maria José Morgado recusou que venham a acontecer atrasos.

"Não pode atrasar nada, nada vai atrasar este processo como é evidente", disse.

Questionada se a afirmação de João Rendeiro à saída de uma audiência em tribunal, na qual disse que não regressaria a Portugal, seria indicativa de margem legal para que esse regresso não se verificasse, Maria José Morgado manifestou-se convicta de estarem reunidos todos os pressupostos para que a extradição se concretize.

"A única coisa que posso dizer é que formalmente preenche todos os requisitos de admissibilidade. Portanto, o juízo sobre a probabilidade do cumprimento da medida e da entrega da pessoa é um juízo positivo, meramente formal que faço. É uma opinião pessoal, não sei o que vai acontecer. É isto. Temos que raciocinar com base nos requisitos exigíveis, os requisitos exigíveis aparentemente estão preenchidos, se estão preenchidos, tenho uma previsão otimista", disse a procuradora do Ministério Público jubilada, candidata finalista aos prémios hoje entregues.

Sobre os Prémios Tágides, Maria José Morgado defendeu um "apelo à sociedade civil pela promoção da cultura de integridade, que cria fatores potenciadores de prevenção e luta contra a corrupção" e mais uma forma de colocar o combate à corrupção na agenda política.

"Tudo conta, tudo conta. Isto é por prevenir e combater a corrupção na agenda política. Ser exigente, ser intransigente com a falta de transparência, exigir integridade nos cargos públicos, isso é tudo muito importante e que seja feito de forma permanente", disse.

Também à chegada ao auditório para a cerimónia de entrega de prémios, a ex-Procuradora-Geral da República Joana Marques Vidal, também nomeada, recusou fazer comentários sobre as recentes detenções de Manuel Pinho e João Rendeiro.

Os Prémios Tágides 2021 são a primeira edição de um prémio anticorrupção em Portugal, promovidos pela Associação All4Integrity e têm o alto patrocínio do Presidente da República.

O ex-banqueiro João Rendeiro foi preso a 11 de dezembro, num hotel em Durban, na província sul-africana do KwaZulu-Natal, numa operação que resultou da cooperação entre as polícias portuguesa, angolana e sul-africana.

João Rendeiro estava fugido à justiça há três meses e as autoridades portuguesas reclamam agora a sua extradição para cumprir pena em Portugal.

O ex-presidente do extinto Banco Privado Português (BPP) foi condenado em três processos distintos relacionados com o colapso do banco, tendo o tribunal dado como provado que João Rendeiro retirou do banco 13,61 milhões de euros.

O colapso do BPP, em 2010, lesou milhares de clientes e causou perdas de centenas de milhões de euros ao Estado.