Política
29 novembro 2023 às 23h30

OE2024 aprovado. Rei morto, rei posto, começou a campanha 

Em silêncio, Costa foi duramente criticado no último grande debate da sua longa carreira política. Mas mais importante para os partidos foi lançarem-se para as eleições.

João Pedro Henriques

Na sessão de encerramento que antecedeu esta quarta-feira, ao final da manhã, a aprovação do Orçamento do Estado para o próximo ano (OE2024), não houve quase nenhum partido que se esquecesse de dar o seu tiro de partida na campanha para as legislativas do próximo dia 10 de março.

Sucederam-se os apelos ao voto: "Mais poderíamos conquistar ainda se tivéssemos não apenas um deputado nesta Assembleia da República, mas mais deputados e deputadas como vamos ter"(Rui Tavares, do Livre); "[O PAN é] uma alternativa útil à democracia, às causas que representamos, às suas preocupações, e para garantir que existe uma força política neste Parlamento que consegue ser em simultâneo um referencial de estabilidade e de responsabilidade" (Inês Sousa Real, do PAN); "A realização de eleições legislativas é uma oportunidade para construir uma alternativa política [...] que eleve as condições de vida do povo, de progresso, justiça e desenvolvimento" (Paula Santos, do PCP); "[Queremos] contribuir para pôr Portugal a crescer para que os portugueses possam ficar e, aqueles que emigraram, possam regressar [e isso] vai começar a cumprir-se na tal segunda-feira que é, digo-lhe agora, a segunda-feira de 11 de março" (Rui Rocha, Iniciativa Liberal); "É a nossa oportunidade, a oportunidade que o país tem de cortar com o empobrecimento, com a corrupção, com as pensões baixas, com o país atrasado, de cortar com o socialismo que nos torna cada dia mais pobres" (André Ventura, do Chega); "Mas há uma alternativa! Com medidas concretas para a área social, habitação, educação, saúde, serviços públicos, fiscalidade e economia. Essa alternativa é o PSD!" (Miranda Sarmento, PSD); "Agora que devolvemos a palavra aos cidadãos, estamos convictos que o programa progressista do PS irá ao encontro dos anseios e das necessidades das famílias portuguesas" (Eurico Brilhante Dias, PS).

Sentado em silêncio na bancada do Governo, naquele que terá sido - tudo o indica - o último grande debate parlamentar da sua carreira política, António Costa foi violentamente criticado por todas as bancadas. PSD e Iniciativa Liberal insistiram fortemente no argumento de que Costa não se demitiu por causa do último parágrafo do comunicado da PGR que disse que corria sobre ele um inquérito no Supremo Tribunal de Justiça mas antes pela degradação da governação. "Uma desculpa mal-amanhada" porque "o Governo ruiu por dentro envolto em casos mal explicados", acusou o líder da bancada "laranja".

A exceção nos ataques esteve, evidentemente, no PS. Eurico Brilhante Dias conseguiu emocionar o (ainda) chefe do Governo quando disse que "Portugal teve a sorte de ter António Costa na liderança nos momentos mais duros da pandemia, o evento mais disruptivo das nossas vidas e, podemos mesmo dizer, do último século". "Na política, como na vida, há valores que nunca são excessivos e muito menos prescindíveis: Um deles é o da gratidão."

Costa não falou no debate mas depois, à saída, fez uma curta declaração aos jornalistas, defendendo o seu legado: "O país tem mais capacidade, tem mais liberdade e poderá seguramente prosseguir uma trajetória de continuada melhoria."

Como se esperava, o OE2024 foi aprovado só com os votos favoráveis da maioria PS. PAN e Livre abstiveram-se. Os restantes votaram contra.

joao.p.henriques@dn.pt