Já ninguém cola cartazes nas paredes com cola da farinha, já é raro ver carros com megafones de sons agudos e estridentes, os comícios deixaram de ser - e não apenas por causa da pandemia - ajuntamentos de milhares e nem sequer os debates, que passaram de grandes para microdebates, param o país em frente à televisão. Até sexta, o mais visto, em canal aberto, foi o que opôs Catarina Martins a Rui Rio [1,4 milhões de telespectadores] na SIC. Nos canais de cabo, raros são os que ultrapassam os 190 mil telespectadores, segundo as análises da Universal McCann, agência de meios do grupo Media Brands. Em 2015, o frente-a-frente entre Passos Coelho e Costa foi seguido por 3,4 milhões de portugueses, um recorde - mas passou em simultâneo na SIC, na RTP e na TVI e nos respetivos canais de informação. E longe do programa mais visto (quase 5,6 milhões) da televisão portuguesa desde que há medições: o Portugal vs. Holanda no Euro 2004. E longe do impacto incomparável do célebre debate de quase quatro horas do "Olhe que não! Olhe que não!" que colocou frente-a-frente, em 1975, Álvaro Cunhal e Mário Soares - 19 dias depois dava-se o 25 de Novembro.