No primeiro aniversário do 25 de Abril, os 313 estabelecimentos de ensino secundário do país receberam matrículas de menos de 68 mil alunos, número que subiu para mais de 480 mil em 2010, último ano contabilizado nas estatísticas da base de dados PORDATA, criada e mantida pela Fundação Francisco Manuel dos Santos.
Realidade semelhante encontrava-se no ensino pré-primário, onde o número de alunos totalizava uns escassos 42.500 alunos, repartidos pelas 51 escolas daquele nível de ensino. Na atualidade há 4.525 estabelecimentos que albergam quase 275 mil crianças.
Situação inversa é a registada no ensino básico, que teve mais matrículas em 1975 (1,46 milhões de alunos) do que em 2010 (1,25 milhões), constatação que terá explicação na redução da população entre os cinco e os 14 anos registada no período em análise.
Sem dados referentes a cada um dos anos, os dados disponíveis através dos censos realizados a cada dez anos mostram que em 1970 a população entre os cinco e os 14 anos era de 1,66 milhões, descendo para 1,11 milhões em 2010, ano dos últimos registos oficiais conhecidos.
A população estudantil do básico distribuía-se então por quase 15.500 escolas, que em 2010 estavam reduzidas a cerca de metade: 7.800 estabelecimentos.
Quanto ao ensino superior, as primeiras estatísticas disponíveis são de 1978, quando ainda existia o ensino médio - que desapareceu dos registos em 1989 - e que somados totalizaram quase 90 mil alunos matriculados, valor que se multiplica mais de quatro vezes, para 383 mil alunos, em 2010.
Estudantes à parte, outro indicador do que mudou em Portugal no setor da educação desde o 25 de Abril foi o investimento estatal, que passou de 2,1% do Produto Interno Bruto (PIB) em 1975 para mais do dobro em 2010, quando foi de 5%, ainda segundo os registos estatísticos da PORDATA.
Já em valor bruto, o Estado gastou com cada aluno o equivalente a seis euros em 1975, investimento que multiplicou 134 vezes até há dois anos, quando atingiu os 804 euros per capita.
O número de professores também evoluiu significativamente desde o derrube da ditadura, passando de um total de 83.060 docentes, desde o pré-escolar ao secundário, em 1975, para mais do dobro há dois anos: 179.956.
Também aqui o maior aumento ocorreu entre os educadores de infância, que passaram de 1.830 para 18.380, precisamente dez vezes mais. No primeiro ciclo os números quase coincidem e, apesar de alguns aumentos e decréscimos ao longo dos 35 anos analisados, os números situam-se na casa dos 34 mil docentes.
No caso dos 2.º e 3.º ciclos e no ensino secundário, a mudança foi substancial, quase triplicando dos 46 mil professores em funções após a "Revolução dos Cravos" para 127 mil.
Alterações profundas ocorreram também no ensino superior, onde o número de matrículas quase quintuplicou das 81.582 (em 1978) para 396.268 (2011), registando ainda uma inversão quanto à prevalência do sexo dos alunos: as mulheres eram menos 13 mil que os homens e passaram a ser mais 27 mil.
Outro modo de avaliar o que aconteceu no meio universitário pode ser encontrado nos doutoramentos, que aumentaram 18 vezes de uns raros 86 em 1975 para 1.569 em 2009.
A perda ou a redução de alguns dos direitos criados após o 25 de Abril de 1974 é um dos motivos de contestação que estarão presentes nas comemorações do Dia do Trabalhador na próxima terça-feira.