Agressões, violência, tiros e facadas e até algumas mortes contabilizadas. Não é o enredo de um filme de má qualidade, é aquilo que todos sabemos acontecer recorrentemente em algumas discotecas do país. E em grande parte dos casos com a participação daqueles que supostamente estão ali precisamente para evitar que aquelas coisas aconteçam. Como é possível que de tempos a tempos se repitam as notícias, com mais ou menos gravidade? A realidade é que nunca deixam de acontecer. Mesmo que só ganhem proporção ocasionalmente, há sempre conversas na rua sobre os atos de violência da última noite..De cada vez que são suficientemente graves para fazerem notícia - ou que alguém faz por torná-los conhecidos -, chocamo-nos todos com o que se passou, anunciam-se medidas imediatas (que no caso mais recente passam por fechar a discoteca em causa mas apenas fiscalizar a empresa que emprega os supostos agressores), fazem-se uns painéis de discussão sobre os perigos da noite e a coisa fica arrumada na gaveta até ao caso seguinte. A verdade é que, se episódios destes se repetem desta maneira, a falha mais grave é de quem tem por missão regular e fiscalizar a atividade destas empresas. É o Estado que falha e torna a falhar, se as casas continuam a fazer contratos com empresas que têm criminosos na sua folha de pagamentos. Se a essas companhias de segurança privada é permitido recrutar livremente, sem filtros capazes de garantir que cumprem verdadeiramente a sua função, que é zelar pela segurança de pessoas e locais. É vergonhoso que em 2017 continuemos a repetir as discussões tidas em 2001 - e desde então, como antes, repetidas em inúmeras situações -, quando uma cena de tiros e pugilato à porta de outra discoteca de Lisboa acabou em morte. É a repetição impune que não podemos continuar a aceitar.