O mundo tem evoluído a uma velocidade avassaladora. Nas últimas décadas a tecnologia desenvolveu-se de tal forma que tornou o nosso quotidiano absolutamente diferente. A título de exemplo: um simples email, que coloca informação em qualquer parte do mundo em segundos, substituiu a correspondência postal que demoraria dias ou mesmo semanas..A forma como absorvemos informação também mudou. Os meios tradicionais, como os jornais, a televisão e a rádio, que nos informavam de acordo com as suas linhas editoriais, perderam preponderância e estão ainda em processo de otimização para se adaptarem às atuais exigências do utilizador. Hoje, através das plataformas de streaming, de áudio, entre outras, conseguimos uma segmentação totalmente direcionada aos nossos interesses e gostos..O aparecimento das redes sociais veio, também, contribuir para uma maior democratização da informação. Qualquer utilizador pode ser criador de conteúdos e ter uma “voz” online, alcançando públicos que, anteriormente, seriam inalcançáveis..As redes sociais aproximaram-nos uns dos outros. Os sistemas de envio de mensagens, como o WhatsApp, juntam famílias e amigos, tornando a distância física muito mais curta..O avanço tecnológico tem um impacto fortíssimo em tudo o que fazemos. Simplifica, e de que maneira, as nossas vidas. Mas pergunto: será que este avanço civilizacional teve as pessoas no seu centro de interesse?.A resposta é muito complexa. A era do digital tornou tudo mais simples e mais rápido. Indiscutivelmente, este é um ponto positivo. Mas a dependência criada e o volume de informação absorvido podem ter consequências no ser humano que o avanço tecnológico não previu..A indústria tecnológica preocupou-se mais em desenvolver o nosso mundo digital do que o nosso mundo físico. Foram completamente descurados fatores fundamentais para o nosso bem-estar, provocando uma proliferação de doenças do foro psíquico, como o stress e ansiedade, bem como uma irresponsável preservação da sustentabilidade ambiental..A próxima década tem de ser marcada por um caminho diferente. É fundamental voltar a colocar as pessoas no centro da indústria, construindo uma sociedade a pensar nelas e não exigindo o contrário. O desenvolvimento tecnológico tem de servir para as pessoas ganharem tempo para si ao invés de ficarem presas aos gadgets..É necessário devolver as crianças às ruas, aos parques e às atividades ao ar livre. É necessário voltar aos serões em família, sem que cada um esteja agarrado ao telemóvel. É necessário deixar o email de trabalho para as horas laborais e respeitar-se o descanso..Porque uma coisa é certa, um mundo onde as pessoas não são felizes, é um mundo sem sentido. Com ou sem tecnologia, devemos todos lutar e trabalhar por um mundo onde é bom viver.