"A coreografia é mais assente numa ideia de som do que de música, porque a música tem uma conotação cultural. Neste trabalho foi muito mais interessante pensar na ideia de movimento e som, porque são muito mais abstratos", explicou o coreógrafo do espetáculo, Marco da Silva Ferreira, durante o ensaio de imprensa de "Em Surdina", no Teatro Campo Alegre, no Porto.
O espetáculo vai estrear-se na sexta-feira, dia 13 de julho, e, até sábado, conta com a participação de oito jovens, entre os quais cinco surdos, com idades entre os 12 e 17 anos, do Agrupamento de Escolas Eugénio de Andrade, em Vila Nova de Gaia.
Para Marco da Silva Ferreira, a linguagem "não foi uma barreira" e coordenar os jovens "foi fácil", graças ao trabalho de duas intérpretes que acompanharam os ensaios, no entanto, exigiu que tivesse de "reorganizar a forma de encontrar material biográfico".
O coreógrafo explicou ainda que, para tornar possível a realização do espetáculo, recorreu a "apontamentos de linhas e formas geométricas" no chão do palco, que surgem como um "mapeamento", assim como a "luzes" que funcionam como "um estímulo visual para a mudança de cena", de forma a que os cinco jovens se guiem.
"Foi mais importante não pensar na mensagem que eu, enquanto coreógrafo, queria passar, mas no que este projeto lhes [aos jovens] queria passar a cada sessão. Foi muito mais sobre quem são estas pessoas e qual é este canal intermédio onde a comunicação existe e como é que posso influenciar a vida deles da melhor maneira", sublinhou também Marco da Silva Ferreira.
Para o coreógrafo, o espetáculo é "pensado para o público não ouvinte" e pretende acolher "a comunidade surda" no teatro.
"Em Surdina", uma produção do teatro Municipal do Porto, vai estar em exibição na sexta-feira e no sábado, às 21:30, no Auditório do Teatro Campo Alegre, e os bilhetes têm o custo de cinco euros.