Sandra Rodrigues, da DECO Algarve, explicou à Lusa que a campanha "Plástico à vista! Livre-se dessa espécie" visa mostrar que este "não é um problema distante" e que "já afeta os ecossistemas da região", conforme comprovam estudos realizados pelo Centro de Ciências do Mar (CCMAR) da Universidade do Algarve.
"Efetivamente o plástico já está a entrar na nossa cadeia alimentar e já existe um impacto negativo medível na costa do Algarve", lamentou aquela responsável, apontando estudos realizados pelo RIAS - Centro de Recuperação e Investigação de Animais Selvagens, com sede em Olhão, e do próprio CCMAR.
Um estudo do RIAS mostra que 43,4 % das aves estudadas tinham ingerido plástico, sendo que as aves mais afetadas são as gaivotas e cegonhas, que em média têm quatro gramas de plástico nos seus estômagos, exemplificou Sandra Rodrigues.
Os dados que o CCMAR facultou mostram também, acrescentou, que "a fragmentação dos plásticos origina partículas muito pequeninas -- microplásticos - e espécies como bivalves -- berbigão, ameijoa - que são filtros naturais, vão filtrar estes microplásticos e eles ficam alojados no seu interior", acabando por "entrar na cadeia alimentar" e chegar ao consumo humano.
"Outro dado curioso é que, no Algarve, em 100 metros de praia, conseguimos encontrar em média 57 artigos de plástico descartável -- como garrafas de água", disse, referindo-se também às beatas de cigarro e à forma como algumas aves as acabam por "confundir com larvas e ingerir".
A campanha, que é lançada na próxima quinta-feira, inclui a exibição de cartazes e imagens que exemplificam o impacto negativo do plástico nos ecossistemas locais, uma exposição sobre a matéria e de uma conferência a realizar na Universidade do Algarve.
A conferência, a realizar no "campus" de Gambelas, irá "reunir um painel de oradores da região, de entidades locais, com peso neste assunto", para que os consumidores comecem a adotar comportamentos que evitem o plástico, como rejeitar a utilização de plásticos com um só uso ou fazer compras a granel.
"O nosso objetivo essencialmente é aproximar os consumidores do impacto que o plástico tem nos nossos ecossistemas locais e tentar a incentivar à mudança, ou seja, mostrar que este problema está a acontecer aqui e temos que fazer alguma coisa para mudar", concluiu.