Cientistas utilizam laser para desviar trajetória de relâmpagos

Um grupo de cientistas anunciou esta segunda-feira que utilizaram um laser para desviar a trajetória de relâmpagos pela primeira vez e esperam que a técnica seja utilizada para impedir que os raios se tornem fatais.

A experiência foi realizada em cenário real, na montanha Säntis, no nordeste da Suíça.

Segundo uma publicação na revista científica Nature, o laser foi instalado no topo da montanha, a 125 metros de altitude, numa torre de comunicações que é atingida por relâmpagos cerca de 100 vezes por ano.

Os investigadores dispararam pulsos rápidos de laser na direção das nuvens durante mais de seis horas aquando das tempestades de julho e setembro do ano passado e conseguiram desviar a trajetória de quatro raios, criando um percurso mais condutor de eletricidade do que o ar circundante durante alguns milissegundos, fazendo os raios cair a cerca de 50 metros do local que a descarga atingiria em circunstâncias normais.

O objetivo é encontrar um novo método de proteção contra relâmpagos em edifícios altos, aeroportos e plataformas de lançamento, já que os tradicionais para-raios apenas conseguem impedir descargas elétricas no raio de alguns metros. Os relâmpagos, refira-se, matam mais de 4000 pessoas e causam milhares de milhões de dólares em danos todos os anos.

"A esperança é estender essa proteção algumas centenas de metros", explicou Aurélien Houard, físico da École Polytechnique, à AFP.

Esta tecnologia ainda tem um custo muito elevado em comparação com os tradicionais para-raios e constitui um risco para olhos dos pilotos que estejam a sobrevoar o local, mas poderá vir a representar uma alternativa mais segura.

Há quase 20 anos, uma equipa de cientistas testou uma tecnologia semelhante nos Estados Unidos, mas o laser utilizado não conseguiu intersetar o raio, uma vez que o laser não emitiu pulsos suficientes por segundo.