O ataque a um hospital de Gaza que matou centenas de pessoas é "um crime" e um "ato de desumanização", afirmou esta quarta-feira a porta-voz da diplomacia russa, pedindo a Israel, que nega qualquer responsabilidade, que prove a sua inocência.
"Os factos devem ser apresentados", disse a a porta-voz da diplomacia russa. Exército israelita mostrou mapas, vídeos e um áudio.
O ataque a um hospital de Gaza que matou centenas de pessoas é "um crime" e um "ato de desumanização", afirmou esta quarta-feira a porta-voz da diplomacia russa, pedindo a Israel, que nega qualquer responsabilidade, que prove a sua inocência.
"Vemos neste momento um desejo [por parte de Israel] de se distanciar de qualquer responsabilidade. Se esta tentativa constitui uma intenção séria (...) de provar a sua inocência (...), então os factos devem ser apresentados", defendeu Maria Zakharova.
A porta-voz russa pediu aos Estados Unidos e a Israel que forneçam imagens de satélite para investigar a origem do ataque, acusando os governos ocidentais de darem a impressão, nas suas reações, de que "o ataque aconteceu por si só".
A Rússia disse que a explosão foi um "crime" e um "ato de desumanização". "Em relação à nossa avaliação, certamente qualificamos tal ato como um crime, como um ato de desumanização", disse a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Maria Zakharova, à rádio Sputnik.
Isto no dia em que Israel negou novamente ter sido responsável pela explosão o hospital de Gaza e disse ter provas de que foi causada pelo grupo palestiniano Jihad Islâmica.
"As provas, que partilhamos com todos vós, confirmam que a explosão num hospital de Gaza foi causada pelo disparo de um foguete falhado da Jihad Islâmica", disse o porta-voz militar Daniel Hagari numa conferência de imprensa.
A failed rocket launch by the Islamic Jihad terrorist organization hit the Al Ahli hospital in Gaza City.
IAF footage from the area around the hospital before and after the failed rocket launch by the Islamic Jihad terrorist organization: pic.twitter.com/AvCAkQULAf- Israel Defense Forces (@IDF) ?ref_src=twsrc%5Etfw">October 18, 2023
Hagari disse aos jornalistas que não houve danos estruturais nos edifícios em torno do hospital nem crateras que estejam em consonância com a existência de um ataque aéreo.
O porta-voz acusou ainda o Hamas de inflacionar o número de vítimas da explosão e disse que grupo terrorista não poderia saber tão rapidamente quanto alegou o que causou a explosão.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros de Israel publicou nas redes sociais um suposto áudio de uma conversa telefónica entre dois membros do Hamas, onde discutem como o al-Ahli al-Arabi foi atingido por um míssil fracassado disparado de dentro de Gaza.
Na chamada, um dos membros disse que nunca viu um míssil falhar como aquele e que o mesmo foi disparado a partir de um cemitério que fica situado atrás do hospital.
Hamas terrorists in their own voices:
Listen to the conversation between Hamas operatives as they discuss the failed Islamic Jihad rocket launch on the Al-Ahli Baptist Hospital on October 17, 2023 pic.twitter.com/PUUuqE2Imu- Israel Foreign Ministry (@IsraelMFA) ?ref_src=twsrc%5Etfw">October 18, 2023
O porta-voz do exército israelita disse que as suas conclusões se baseiam "nos serviços de informação, nos sistemas operacionais e nas imagens aéreas, que foram objeto de uma verificação cruzada", segundo a agência francesa AFP.
Em Telavive, Joe Biden disse, numa declaração aos jornalistas sem direito a perguntas, que o Hamas cometeu "atrocidades malignas que fazem o Estado Islâmico parecer racional", mas que sabe que o grupo terrorista "não representa todo o povo palestiniano e só lhe trouxe sofrimento".
O presidente dos Estados Unidos também se mostrou "profundamente triste e indignado com a explosão ontem no hospital em Gaza". "Com base no que vi, parece que foi feito pela outra equipa [Hamas], não por vocês. Mas há muita gente por aí que não tem a certeza, então temos que ultrapassar muitas coisas", acrescentou.
A explosão, pela qual Israel e os palestinianos se culpam mutuamente, fez centenas de mortos e provocou condenações internacionais e manifestações em todo o mundo muçulmano.
O movimento islamita Hamas, no poder em Gaza, acusou Israel de estar na origem deste ataque de terça-feira à noite, que o exército israelita atribuiu a um ataque fracassado de foguetes da Jihad Islâmica, outro grupo armado palestiniano, 11 dias depois do início da guerra desencadeada por um ataque-surpresa sem precedentes do Hamas a Israel.
As autoridades da Faixa de Gaza disseram que o ataque ao hospital anglicano Al Ahli, no norte da Faixa de Gaza, provocou pelo menos 500 mortos.