Na viragem do milénio, com 3% de crescimento anual, a economia espanhola ia tão bem que, para um político, enriquecer às custas dos cofres públicos não parecia chocar quase ninguém. A economia estava tão bem, com Rodrigo Rato aos comandos das Finanças, que em Madrid e na Catalunha, os aparelhos corruptos das Autonomias cobravam comissões de 1 a 3% sobre todos os contratos públicos, consideradas "normais" pelos contratados. Na capital, onde o mercado imobiliário e o Partido Popular conseguiam abalar o resultado de uma eleição autonómica durante o episódio conhecido como o "Tamayazo", Rato, o homem do milagre económico espanhol, apropriava-se de parte de 11 milhões de euros da Caixa de Poupanças regional "Caja Madrid" distribuídas por meio de "cartões black" aos membros do Conselho de Administração: políticos de todos os partidos e até sindicalistas. As redes de corrupção política, desviavam fundos da visita do Papa a Valência ou de uma homenagem às vítimas do terrorismo em Madrid, sem empatia, como quando um secretário-geral do PP usou dinheiro da corrupção para comprar mais de 300 euros em lotaria no dia dos atentados de 11 de Março na capital.