A percentagem nacional de "hospitais objetores à IVG" - as aspas sinalizam o facto de legalmente não poderem existir estabelecimentos de saúde objetores, apenas indivíduos - passou assim para 31,8%, e o número de obstetras objetores no serviço chefiado por Yuriy passou de dois para três.
Sendo quatro obstetras ao todo, só sobrando uma não objetora na Horta, não é possível continuar a fazer o procedimento porque a lei obriga a que haja dois especialistas no processo: um que efetua a "datação", ou seja, que verifica ecograficamente que a gravidez está dentro do prazo legal, e o outro que faz a IVG, ou seja, administra os medicamentos (a esmagadora maioria das interrupções de gravidez até às 10 semanas no Serviço Nacional de Saúde são medicamentosas, não cirúrgicas). Vários países - caso da França e da Espanha - deixaram já cair essa exigência de "assinatura" de dois médicos; se Portugal seguisse o respetivo exemplo, bastaria uma obstetra não objetora na Horta para assegurar, tendo em vista o número reduzido de IVG ali realizadas, este cuidado de saúde. Neste momento, essa não objetora, Filomena Sá, explica ao DN que a "a única coisa que posso fazer é a ecografia de datação, antes de irem para Lisboa."