Os hotéis já estão reservados e os estádios ficam livres a 26 de julho - data do fim do campeonato - para receber a mini-Liga dos Campeões em Lisboa, em agosto. Só falta a UEFA oficializar, o que deverá acontecer por volta das 14.30 desta quarta-feira. A Federação Portuguesa de Futebol apresentou um projeto à UEFA para Portugal receber a final a oito da Liga dos Campeões e envolveu os clubes de Lisboa (Benfica e Sporting), a Câmara Municipal de Lisboa, o Governo e até o Presidente da República, que há duas semanas antecipava uma boa notícia para agosto, referindo-se à final da Champions.
O assunto encheu páginas de jornais e ocupou espaço nos noticiários de rádio e TV portugueses, espanhóis, italianos e alemães, desde maio. O rumor foi ganhando contornos mais sérios até as entidades envolvidas darem a final em Lisboa como certa. Segundo apurou o DN, a UEFA já reservou inclusivamente hotéis na capital. Mas até ser oficial ninguém quer comentar. O DN contactou todas as entidades envolvidas no projeto português e todas se remeteram ao silêncio, argumentando que a decisão só nesta quarta-feira será tomada na reunião da Comissão Executiva da UEFA. Na verdade a decisão já foi tomada. O projeto da Federação mereceu consenso numa reunião do organismo que rege o futebol europeu na segunda-feira e será hoje ratificada.
O projeto da Federação vai ao encontro dos desejos da UEFA, que pretende encerrar a prova com um torneio a oito, jogado em 11 dias (de 12 a 23 de agosto) na capital portuguesa. A pandemia colocou o futebol europeu em banho-maria no dia 13 de março e obriga agora a mudar o formato da prova mais importante de clubes para poder ser concluída. A ideia será jogar os quartos-de-final em apenas uma mão, em vez das duas habituais, ao longo de quatro dias seguidos, de 12 a 15 de agosto. As meias-finais serão a 18 e 19 e a grande final será jogada a 23 de agosto.
Os jogos serão divididos pelo Estádio da Luz e pelo Estádio José Alvalade, com a final a ser jogada no recinto do Benfica. O que será a segunda vez que acontece, depois da final de 2013-14, quando o Real Madrid de Ronaldo, Coentrão e Pepe bateu o Atlético. O jogo foi histórico e deixou a Luz ligada a La Décima (a décima Champions) dos merengues. Um jogo emocionante decidido no prolongamento depois de um golo de Sergio Ramos em cima do minuto 90.
Antes dessa final, Portugal só tinha recebido a final da mais importante prova europeia de clubes por uma vez. Foi em 1966-67, no Estádio Nacional, no Jamor, quando o Celtic bateu o Inter de Milão para garantir a orelhuda. Ainda hoje os jogadores da equipa escocesa são conhecido como os "leões de Lisboa" e todos os anos, no dia de aniversário da final, os adeptos fazem peregrinação ao local do jogo no Jamor.
Para a capital portuguesa será a quarta final entre clubes. Além Champions 2013-14, Lisboa foi ainda palco de uma final da Taça UEFA de má memória para os leões, em 2004-05, quando o Sporting perdeu com o CSKA Moscovo em Alvalade e viu fugir o troféu, e de uma final da já extinta Taça das Taças em 1991-92, quando o antigo Estádio da Luz viu o Werder Bremen derrotar o Mónaco de Rui Barros. Isto sem falar no Euro 2004, que foi organizado por Portugal.
O Estádio da Luz prepara-se assim para receber a final em vez do Estádio Olímpico Atatürk, em IstambUL, na Turquia, que receberá a prova em 2021. Já a final de 2022 será realizada em São Petersburgo, Rússia, que devia ser o palco da final de 2021.
A final da Liga dos Campeões em Lisboa deve tirar a organização da Supertaça Europeia ao Estádio do Dragão e transferi-la para Budapeste na Hungria (24 de setembro). O recinto do FC Porto receberá a prova em 2021. Já a Liga Europa também vai ser jogada a uma mão, na Alemanha, a partir de 10 de agosto.
As cidades de Duisburgo, Gelsenkirchen, Düsseldorf e Colónia vão acolher a final a oito da prova, com jogos a decorrer entre 10 e 21 de agosto. A final que devia ser em Gdansk será em Colónia, no dia 21. A cidade polaca será a anfitriã da final da Liga Europa de 2021 - a de 2022 será em Sevilha, que iria receber a final de 2021, e a de 2023 em Budapeste.
A Champions foi interrompida em março, numa altura em que os efeitos do covid-19 já se faziam sentir em alguns países. Jogos como o do Atalanta com o Valência ou o do Atlético de Madrid com o campeão europeu Liverpool foram mesmo apelidados de bombas atómicas de contágio e levaram a UEFA a suspender os jogos da segunda mão dos quatro jogos que faltavam jogar. Real Madrid-Manchester City (1-2), Chelsea-Bayern Munique (0-3), Juventus- Lyon (0-1) e Nápoles-Barcelona (1-1).
Hoje será ainda decidido onde se jogarão os jogos da segunda mão que faltam disputar. A UEFA propôs aos clubes jogar em campo neutro e em países onde a pandemia já abrandou, mas os clubes que jogam em casa não aceitaram a ideia.
Sem equipas portuguesas em competição, estão já apurados para os quartos-de-final o PSG, a Atalanta, o Atlético de Madrid e o RB Leipzig. João Félix é para já o único português garantido na fase final, mas a presença portuguesa será de pelo menos três, uma vez que há dois duelos entre equipas com jogadores portugueses. Ronaldo ainda vai enfrentar Anthony Lopes e Mário Rui ainda vai jogar com Nélson Semedo, Depois há ainda Cancelo e Bernardo Silva no City, com possibilidade de seguirem em frente.
A ideia de receber jogos das principais equipa europeias em Portugal deixou os responsáveis desportivos e governamentais em êxtase. A iniciativa da Federação reforça o poder do futebol português junto da UEFA e abre a capital ao turismo.
"A Direção-Geral da Saúde está envolvida no apoio à candidatura portuguesa à organização da final a oito da Liga dos Campeões", comunicou a autoridade de saúde, assumindo "confiar na existência de todas as condições para receber este evento desportivo em Portugal". A DGS deu a retoma do campeonato como exemplo. "A DGS considera que, fruto do trabalho que tem sido desenvolvido com a FPF e a Liga [de clubes] e da experiência do desenrolar da principal competição de futebol nacional, se encontram reunidas todas as condições para o acolhimento do referido evento em Portugal", sublinhou, assegurando a disponibilidade "para a continuação da articulação entre as entidades promotoras deste evento e as autoridades de saúde". Quanto ao público nas bancadas é uma questão ainda a discutir. A DGS deu aval à retoma da I Liga sem público nas bancadas, mas a UEFA já admitiu que os jogos da Champions podem vir a ter público.