É "unilateralmente, o fim da paz social" na TAP. O aviso é feito pelo Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC) face à decisão da empresa de cortar nas ajudas de custo aos tripulantes de cabine. Num comunicado interno aos associados, a que o DN teve acesso, a estrutura sindical diz-se pasmada perante o anúncio, feito ontem pela empresa liderada por Luís Rodrigues, de uma nova tabela de ajudas de custo com efeitos retroativos a janeiro de 2025 e cuja publicação foi concretizada no Manual de Regulamentação de Operações de Voo (ROV).Os representantes dos tripulantes e a administração da empresa pública sentaram-se à mesa para debater os valores em causa para este ano, mas a TAP decidiu não aumentar os montantes conforme era solicitado pelos trabalhadores."No decorrer da reunião fomos informados pela empresa da existência de uma nova tabela. Uma tabela baseada num estudo encomendado à Empresa Mercer, que contemplava uma redução em vários destinos e que a TAP pretendia implementar unilateralmente", explica o SNPVAC.No documento dirigido aos associados, o sindicato refere que apesar de esta decisão ser "da exclusiva responsabilidade da empresa" refutou os argumentos apresentados pela companhia "questionando o seu modelo, os pressupostos e inclusive a imparcialidade". O SNPVAC, que apresentou, no passado dia 24 de janeiro uma proposta à TAP, defende um aumento das ajudas de custo pagas aos tripulantes de forma a "suportar a inflação, o aumento do custo de vida nos países de destino, bem como fazer face à desregulada taxa cambial em alguns países"."Apesar de ser uma decisão que não carece de negociação com o Sindicato, a direção do SNPVAC responderá com decisões e posições igualmente unilaterais", garante.As divergências entre os tripulantes de cabine a TAP não se esgotam neste ponto, e também as negociações sobre os horários flexíveis não têm chegado a bom porto."Após meses de conversações (...) e de diversas insistências, os avanços têm sido escassos. Apesar disso, e sem prejuízo do que foi submetido à apreciação da CITE — a análise da questão jurídica ocorrida (o não envio dos processos pendentes, em tempo) —, a direção deu instruções ao Departamento Jurídico para avançar com ações em Tribunal, caso os Tripulantes assim o pretendam, de forma a encontrar uma solução jurídica definitiva sobre este tema", adianta a estrutura encabeçada por Ricardo Penarroias. "A empresa tem de entender de uma vez por todas que não é legisladora. Não pode estar acima da lei, nem discriminar pais que pretendem conciliar a sua vida familiar com a vida profissional", aponta.O SNPVAC e a TAP têm também tentado chegar a um entendimento sobre o "complemento em situação de acidente de trabalho, gravidez clinicamente comprovada e licenças parentais iniciais" e, perante a falta de consenso, o sindicato garante que caso não seja encontrado um "entendimento na interpretação desta cláusula na próxima reunião paritária" será "imediatamente pedida a intervenção da DGERT e acionados os trâmites legais que se seguirão, caso a Empresa mantenha a sua posição".