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Desporto
12 agosto 2021 às 22h07

Quem quer desafiar o campeão inglês? Há três rivais de olho no trono

Naquela que será a 30ª edição da liga mais espetacular do mundo, o City treinado por Pep Guardiola sabe que não terá tarefa fácil para manter à distância os pretendentes Liverpool, Chelsea e Manchester United. A luta será dura numa liga com muitos portugueses.

A cerca de dez quilómetros do local onde se disputou o primeiro jogo de futebol com regras definidas em 1864, o recém-promovido Brentford recebe esta sexta-feira os vizinhos do Arsenal (20 horas, Sport TV2) naquele que será o pontapé de saída da 30.ª edição de Premier League, prova em que as "abelhas" londrinas se estreiam, uma vez que há 74 anos que não estavam no primeiro escalão. Começa assim com um dos muitos dérbis da capital (há seis equipas de Londres) aquela que muitos consideram a liga mais espectacular do mundo, que vai contar com dois treinadores portugueses (Nuno Espírito Santo e Bruno Lage) e, pelo menos para já (o mercado só encerra a 31 de agosto), 22 jogadores portugueses.

Depois de uma temporada em que conquistou o seu sétimo título (quinto na última década) com alguma facilidade, o Manchester City vai partir, uma vez mais, como o grande candidato à vitória final, mesmo que tenha sofrido grandes desilusões nas duas últimas partidas oficiais que realizou - terminou a época passada a falhar o grande objetivo de ganhar pela primeira vez a Liga dos Campeões, ao cair na final frente ao Chelsea, e começou esta a deixar fugir a Community Shield para o Leicester.

Apesar da saída do argentino Sergio Agüero, que já pouco entrava nas contas de Pep Guardiola, para Barcelona, o clube financiado pelos milhões do Sheik Mansour manteve até agora praticamente todo o plantel, ao qual acrescentou ainda mais talento com a contratação do extremo Jack Grealish por um valor recorde no país: 117,5 milhões de euros. Figura do Aston Villa onde fez toda a carreira (com uma passagem por empréstimo ao histórico Notts County), o extremo de 25 anos chega ao Ettihad com a missão de ajudar a equipa a concretizar finalmente a glória europeia e pouco incomodado com o custo do seu passe. "É uma boa etiqueta para mostrar". E a seguir a Grealish até pode chegar o goleador Harry Kane (Tottenham), o sonho milionário da equipa onde jogam João Cancelo, Rúben Dias e Bernardo Silva, que até poderá estar na porta de saída.

Depois de um ano em que finalmente conseguiu vencer a Premier League pela primeira vez na sua história (já tinha 18 títulos anteriores), o Liverpool teve uma temporada verdadeiramente dececionante em que chegou a ter a participação na Liga dos Campeões em risco. Fez menos 30 pontos e terminou no terceiro posto, tendo sofrido seis derrotas consecutivas em Anfield, com Jürgen Klopp a atribuir o desastre à onda de lesões de que afetou o plantel - sobretudo, a do central holandês Van Dijk, que perdeu praticamente toda a época, mas também outros nomes, como o do português Diogo Jota quando estava em grande forma. Para já, o técnico alemão apenas tem um reforço de algum peso no central francês Ibrahima Konaté e perdeu o holandês Wijnaldum para o Barcelona, sendo que o português Renato Sanches é um dos nomes apontados para suprir essa saída. Ainda assim, a base do plantel campeão está lá e no Merseyside vai seguramente morar um dos candidatos a atrapalhar o City.

Na vizinhança, o Manchester United também quer dar sequência à luta que proporcionou ao rival citadino na época passada. O norueguês Solskjaer também manteve todos os titulares e ainda melhorou a qualidade das opções com as chegadas de Jadon Sancho e do francês Raphaël Varane, ex-Real Madrid - problemas burocráticos adiaram a apresentação do jogador. Sob a batuta de Bruno Fernandes, que marcou ao Everton um belo livre direto em partida de preparação, os red devils têm tudo para lutar por um título que lhes escapa desde a saída de Sir Alex Ferguson, em 2013.

Resta o Chelsea, renascido desde que o alemão Thomas Tuchel chegou ao banco. Campeões europeus em título e vencedores, esta semana, da Supertaça Europeia, os blues quererão fazer melhor que o quarto lugar do ano passado. Para tal, Roman Abramovich abriu os cordões à bolsa para recuperar o belga Romelu Lukaku (ex-Inter Milão) e passar a ter o goleador que tem faltado à equipa, naquela que é a segunda transferência acima dos 100 milhões, mais concretamente 115 milhões de euros.

Numa liga em que os clubes lidam com orçamentos gigantescos, há mais um punhado de equipas que sonham com a possibilidade de se intrometerem, pelo menos, na luta por uma das quatro primeiras posições mas que realisticamente se podem dar por felizes se garantirem um lugar europeu. Estão nesse lote o Leicester, que já venceu a Supertaça e ainda aspira a repetir a proeza de 2016 quando foi campeão; o Arsenal, um dos big 6 que investiu uma pequena fortuna num defesa central e juntou o ex-benfiquista Nuno Tavares (6,5 milhões) a Cédric Soares; e, claro, o Tottenham, onde Nuno Espírito Santo vai tentar mostrar que o excelente trabalho em Wolverhampton não foi obra do acaso - mas primeiro tem de lidar com o problema Harry Kane, uma vez que o avançado, pedra basilar da equipa, está disposto a sair para um clube onde possa lutar por títulos. O argentino Cristian Romero, melhor defesa da última Serie A ao serviço da Atalanta, é por agora, a grande aquisição (chega por empréstimo com uma opção de compra de 55 milhões) mas tem-se falado com alguma insistência no médio João Palhinha como hipótese para o meio-campo dos Spurs.

Entre as restante equipas que compõem a edição 2021-22 da Premier League, o último destaque vai para o Wolverhampton, novamente a equipa mais portuguesa da prova. Bruno Lage e José Sá compensaram as partidas de NES e Rui Patrício, fazendo companhia a Nélson Semedo, Rúben Neves, João Moutinho, Pedro Neto, Daniel Podence, Fábio Silva e Trincão, que chega ao Molineux por empréstimo do Barcelona.