Desporto
21 outubro 2023 às 14h23

Morreu Bobby Charlton, a lenda inglesa que partilhou o palco mundial com Eusébio

Será para sempre lembrado como o mítico número 9 de Inglaterra e do Manchester United. Foi herói do título Mundial em 1966 - marcou os golos que derrotaram Portugal na meia-final - e da conquista da Taça dos Campeões de 1968, à custa do Benfica.

Bobby Charlton morreu ontem aos 86 anos. O futebol inglês fica órfão daquele que terá sido o seu jogador mais lendário, que conduziu a Inglaterra ao seu único título de campeão do mundo, em 1966, num torneio organizado em Terras de Sua Majestade e onde dividiu o palco com Eusébio da Silva Ferreira, o melhor marcador da prova.

Foi ainda a estrela da primeira grande equipa do Manchester United, pela qual se sagrou três vezes campeão inglês, mas sobretudo conquistou a primeira Taça dos Campeões Europeus, em 1968, também em Wembley, frente ao Benfica de Eusébio, no prolongamento (4-1). Os red devils fizeram questão de lembrar aquele que é "um dos maiores e mais queridos jogadores da história do clube".

Robert Charlton nasceu em 11 de outubro de 1937, em Ashington, cidade mineira no norte de Inglaterra, tendo aos 16 anos rumado a Manchester para representar o United, onde esteve até 1973, altura em que se mudou para o Preston North End (1973/74) e Watford (1975), onde terminou a carreira.

Curiosamente a sua carreira podia ter sido interrompida bem cedo, ainda antes dos seus maiores momentos de glória por causa de um acidente de aviação que vitimou a equipa do United, quando em fevereiro de 1958 o avião caiu ao levantar em Munique, onde tinha parado para reabastecer, depois de um jogo em Belgrado, onde tinha eliminado o Estrela Vermelha da Taça dos Campeões. Sobreviveu Bobby Charlton e o treinador Matt Busby, que seria o arquiteto da reconstrução de um grande Manchester United, que ficou conhecido como os "Busby Babes", onde se incluia Sir Bobby Charlton, autor de dois golos na final da Taça dos Campeões conquistada frente ao Benfica, que acabou por ser o ponto alto dessa equipa.

Aliás, o mítico número 9 tinha já sido carrasco de Portugal no Mundial de 1966, pois no jogo das meias-finais marcou os dois golos da vitória por 2-1, que ditou o apuramento de Inglaterra rumo ao título na final com a RFA (4-3 no prolongamento). Esse momento valeu a Charlton, nesse ano, a conquista da Bola de Ouro, relegando Eusébio para o segundo lugar.

Foi definitivamente um dos melhores futebolistas ingleses de todos os tempos, mas foi só em 1994 - 19 anos depois de ter pendurado as botas - que recebeu das mãos da rainha Isabel II a distinção de cavaleiro do império britânico, num claro reconhecimento por um legado de 249 golos em 758 jogos peloManchester United e de 49 golos em 106 partidas por Inglaterra, marcas que só foram batidas em 2015 e 2017, respetivamente, por Wayne Rooney.

Bobby Charlton foi ao longo dos anos presença assídua nas bancadas do estádio Old Trafford, algo que começou a ser raro a partir de novembro de 2020, altura em que revelado que sofria de demência, a mesma doença que afetou o seu irmão Jack, também ele futebolista, que morreu em 2020 aos 85 anos, e de que padeceu igualmente outro campeão do mundo: Nobby Stiles.

O Manchester United, que ontem destacou o facto de Bobby Charlton "serviu o clube com distinção como diretor durante 39 nos", enalteceu ainda "o seu histórico incomparável de conquistas, caráter e dedicação vai ficar para sempre gravado na história do Manchester United e do futebol inglês", arescentando que "o seu legado vai viver através do trabalho transformador da Fundação Sir Bobby Charlton".