Desporto
09 outubro 2022 às 09h42

Mad Max, parte II. Verstappen bicampeão em corrida acidentada

O piloto neerlandês venceu o GP do Japão, prova onde só foram disputadas metade das voltas devido à intensa chuva no circuito. E conquistou o título graças a uma penalização imposta a Charles Leclerc e ao facto de a FIA ter atribuído a pontuação máxima.

DN/Lusa

Max Verstappen já estava na sala das entrevistas rápidas no final do acidentado GP do Japão quando teve a confirmação de que se tinha sagrado campeão do Mundo - o anúncio foi feito pelo ex-piloto Jenson Button, com o microfone oficial da F1. Foi o segundo título consecutivo do neerlandês da Red Bull, que terminou a corrida no primeiro lugar e acabou beneficiado por um "castigo" a Charles Leclerc (Ferrari) - penalizado em cinco segundos por ter cortado caminho na penúltima curva, quando lutava pela segunda posição com Sérgio Pérez, e caiu do segundo para o terceiro lugar. O cenário que Mad Max precisava.

A chuva provocou uma série de incidentes logo na primeira volta, o que levou à amostragem da bandeira vermelha que interrompeu a prova. Com uma janela de três horas, a prova acabou por ser retomada quando faltavam apenas 41 minutos para esgotar o prazo, o que permitiu realizar 28 voltas.

A dúvida (se Verstappen era ou não campeão) pairou porque só foi cumprida pouco mais de 50% da distância de corrida prevista. Mas o facto de a prova ter sido retomada e o vencedor ter cruzado a meta em condição de corrida, foi o suficiente para ser atribuída a pontuação máxima em Suzuka. Depois, a penalização e queda de Leclerc para terceiro lugar permitiu ao neerlandês festejar o título.

O próprio Verstappen não estava convencido de ter conquistado o título, comentando com Sérgio Pérez que não era campeão na sala de descanso que antecede a cerimónia do pódio. Só depois teve a certeza que tinha mesmo conquistado o segundo campeonato da carreira, aos 25 anos."Estou muito orgulhoso pelo que conquistámos. Foi incrível. Agradeço a todos os que contribuíram para este sucesso. Conquistar o segundo campeonato com a Honda, especialmente aqui, é muito emotivo", disse o piloto neerlandês.

Já depois da cerimónia do pódio, e entrevistado pelo antigo piloto Jenson Button, admitiu que "o primeiro [título] é mais emotivo mas o segundo é mais bonito pela época" que a equipa está a ter. "Lideramos os construtores e agora concentramo-nos nessa luta", frisou, considerando que esta está a ser "uma temporada muito especial".

Pelo segundo ano consecutivo, Verstappen sagrou-se campeão com alguma polémica à mistura. Este domingo foi devido à penalização de Leclerc numa corrida acidentada; no ano passado em Abu Dhabi com uma ultrapassagem a Hamilton na última volta, quando a bandeira verde foi accionada após a entrada do safety car.

Filho de um antigo piloto, Jos Verstappen, Mad Max tornou-se este domingo num dos campeões mais precoces da F1, deixando longe, no 2.º lugar, o monegasco Charles Leclerc. Com esta conquista, igualou o britânico Nigel Mansell, ficando apenas atrás do alemão Michael Schumacher, que em 2002 assegurou o título a seis provas do final.

Sempre a queimar etapas

Com 17 anos e 166 dias, pela Toro Rosso, Verstappen tornou-se, no GP Austrália desse ano, no mais novo de sempre a participar a tempo inteiro numa corrida. Duas provas mais tarde, na Malásia, foi o mais novo a pontuar, com 17 anos e 180 dias, ao ser sétimo classificado.

Em 2016, já com a temporada em curso, foi promovido à equipa principal da Red Bull. E logo na estreia venceu o GP de Espanha, com 18 anos e 228 dias.

Depois de dois terceiros lugares no campeonato, em 2019 e 2020, Verstappen, que cumpriu 25 anos na sexta-feira, conquistou este domingo o segundo título da sua carreira depois da vitória polémica de 2021, na última prova da temporada, em Abu Dhabi, frente a Lewis Hamilton. Agora persegue outros recordes

O GP do Japão foi bastante acidentado logo na primeira volta, com peões de Vettel (Aston Martin) e do chinês Zhou Guanyu (Alfa Romeo), e um despiste aparatoso do Ferrari de Carlos Sainz que obrigou à entrada do safety car para a retirada do carro da pista.

O francês Pierre Gasly (Alpha Tauri) acabou com um painel publicitário preso na frente do seu carro e teve de ir às boxes mudar o nariz do monolugar. Depois de regressar à pista, cruzou-se com um trator na pista, chamado para rebocar o Ferrari de Sainz, e quase atropelou um dos comissários.

Este incidente mereceu muitas críticas por parte de outros pilotos, nomeadamente do britânico Lando Norris (McLaren), até porque Suzuka foi palco do acidente do francês Jules Bianchi em 2014, que acabou com a morte do piloto após embater numa grua que rebocava outro carro acidentado. "Se tivesse perdido o controlo do carro, podia estar morto agora. Perdemos o Jules [Bianchi] há oito em anos em condições semelhantes", queixou-se no final o piloto francês.

A direção de prova, liderada pelo português Eduardo Freitas, abriu uma investigação a Gasly por excesso de velocidade porque a corrida já estaria interrompida por bandeiras vermelhas antes de o francês ter chegado ao local onde se encontrava o carro acidentado de Sainz. Com LUSA

nuno.fernandes@dn.pt