Desporto
12 agosto 2023 às 17h41

Bis de Cristiano Ronaldo torna Al-Nassr de Castro campeão árabe

Mesmo jogando em superioridade desde os 71", o Al-Hilal de Jorge Jesus e Rúben Neves não conseguiu domar o capitão da Seleção, que conquistou o seu primeiro título no clube.

Ele vive, para quem tinha dúvidas. O Al-Nassr, de Luís Castro, conquistou ontem a Liga dos Campeões Árabes - ou Taça dos Clubes Árabes Rei Salman, designação oficial em 2023 - pela primeira vez na sua história, depois de bater no prolongamento o Al-Hilal, de Jorge Jesus, graças a dois golos do inevitável Cristiano Ronaldo, que ainda viu outro anulado por fora de jogo e um tirado em cima da linha. O capitão da Seleção foi o melhor marcador da prova, com seis remates certeiros, e levantou o troféu, isto apesar de ter saído lesionado perto do fim.

Numa prova que incluiu clubes dos 22 países que integram a UAFA (União das Associações de Futebol Árabe), a final deste ano foi, sem grande surpresa - dado o volumoso investimento que tem sido feito pelo país, que organizou esta 30.ª edição (já não se disputava desde 19/20) -, entre dois clubes sauditas, que disputaram os 8,5 milhões de dólares em jogo na partida (seis para o vencedor, o resto para o finalista vencido). Mas, não sendo uma competição regional (há formações da Confederação Africana e da Asiática), o triunfo não garante mais do que a glória local, um troféu e o valor monetário. Ou seja, o vencedor não ganha direito a participar, por exemplo, no Mundial de Clubes.

No Estádio King Fahd, em Na"if, com dois portugueses no comando e outros tantos em campo (além de vários nomes que já passaram pelo futebol português, como Alex Telles e Anderson Talisca, ambos na equipa de CR7, e Carrillo de início no banco de Jesus), o Al-Hilal entrou muito melhor e criou duas boas ocasiões para chegar ao golo: primeiro num remate de Rúben Neves à entrada da área (3"), depois num lance individual do capitão Salem Al-Dawsari que conseguiu isolar-se, acabando por rematar demasiado cedo e muito torto (6").

Aos 11 minutos, o Al-Nassr conseguiu finalmente aproximar-se da baliza adversária, num belo detalhe individual de Alex Telles junto à linha final, mas o defesa brasileiro acabaria por escorregar e o lance perdeu-se. No minuto seguinte, um livre lateral acabou por provocar mais um momento de perigo, devido à má saída do guarda-redes, mas tudo resultaria apenas num canto.

A verdade é que, a partir daqui, o Al-Nassr entrou mesmo no jogo e acabou por conseguir a primeira hipótese clara de golo: CR7 e Sadio Mané construiram o lance e o cruzamento foi ter com Brozovic que, de cabeça, proporcinou a Al-Owais (habitual suplente, a substituir o castigado Al-Mayouf) uma defesa espetacular (18"). Um livre do capitão português à barreira (20"), um tiro forte mas à figura do guardião (26") e nova tentativa de Brozovic, desta vez com o pé direito (27") confirmaram a mudança no sentido do jogo. Aos 32 minutos, Talisca entrou finalmente em jogo, com um remate em arco de pé esquerdo na direção do guarda-redes, após passe do capitão. Quando o intervalo chegou com um nulo no marcador (e na qualidade de jogo...), a equipa de Luís Castro só se podia queixar de si própria, depois de ter dominado a posse e o número de remates (5-0 nos enquadrados).

Na segunda metade, Luís Castro confirmou logo uma velha máxima do futebolês: "quem não marca, sofre". Depois de uma primeira ameaça, aos 51 minutos o brasileiro Michael fez mesmo o 1-0 de cabeça (golo que celebrou à... CR7), após um cruzamento de Malcolm (num lance iniciado em Rúben Neves), a que Alex Telles não conseguiu chegar.

O Al-Nassr sentiu o toque e voltou à carga. Alex Telles (de livre), Cristiano (de fora da área e depois num toque de cabeça que não foi remate nem passe) e Talisca (para uma grande defesa) quase empatavam mas tudo podia ter ficado complicado aos 71 minutos, com a expulsão de Alarmi. O certo é que, ainda assim, o empate chegou mesmo, pelo inevitável CR7, a desviar à boca da baliza um cruzamento perfeito de Sultan (74"). O português voltaria a marcar, mas em fora de jogo, e os instantes finais seriam do Al-Hilal, que aproveitando a vantagem numérica e o desgaste, podia ter marcado já na compensação. Com 1-1 no final, a decisão avançou para prolongamento já sem Talisca, que fez uma exibição discreta, mas com um Cristiano inspirado: primeiro viu Al-Boleahi tirar-lhe um golo certo com um corte incrível, depois não perdoou numa recarga de cabeça, após Fofana rematar à trave (98"). Luís Castro acabou expulso por protestos (102") e o capitão acabaria por sair aos 114", lesionado num joelho. A pressão final do Al-Hilal acabou por não resultar, deixando à vista a necessidade da equipa comprar um avançado de renome.