O secretário-geral do PSD perguntou este sábado "quem é o PS para dar lições de estabilidade", salientando que o atual Governo de maioria absoluta teve 14 demissões, "esboroou-se", e recomendou "algum recato" a António Costa..Em declarações aos jornalistas em Lisboa a meio da Comissão Nacional do PS, o secretário-geral socialista, António Costa, considerou que "a direita apresenta uma alternativa de instabilidade", referindo que "uma maioria parlamentar aritmética de direita dependente do Chega nunca será uma maioria governativa"..Em declarações à agência Lusa, Hugo Soares reagiu a estas palavras de António Costa, afirmando que, "se o assunto não fosse sério e o país não vivesse como está a viver, até dava vontade de rir".."Um Governo de maioria absoluta que teve 14 demissões e se esboroou... Quem é o PS para dar lições de estabilidade a alguém? É preciso algum decoro na vida política, e o doutor António Costa deveria entrar nessa fase de algum recato", disse..Hugo Soares referiu que o PSD já foi "tão claro" sobre a rejeição de uma eventual coligação ou acordo pós-eleitoral com o Chega que "só o doutor António Costa ainda não percebeu, de resto o país todo já percebeu"..Questionado sobre o facto de António Costa ter dito que a dissolução da Assembleia da República foi "totalmente despropositada e desnecessária", Hugo Soares respondeu que "ninguém no país consideraria haver outra hipótese que não fosse dar a voz ao povo".."O clima de degradação institucional e de empobrecimento das pessoas e das famílias é de tal ordem que só uma clarificação pode acabar com esta conflitualidade que existe no país", defendeu..Hugo Soares manifestou ainda "muita preocupação" com "declarações recentes, e que hoje foram também conhecidas, por parte de altos dirigentes do PS, sobre a situação política", defendendo que os socialistas têm de definir se são "a favor do princípio da separação de poderes" ou se pretendem "interferir na Justiça".."Nós, no PSD, respeitamos a presunção de inocência, mas respeitamos também a livre investigação do Ministério Público, e não podemos admitir que o PS esteja a querer judicializar estas eleições", afirmou..O secretário-geral do PSD alegou que, na reunião de hoje da Comissão Nacional do PS, houve altos dirigentes do partido que "criticaram o Ministério Público", recordando também a entrevista à RTP3 do presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, na qual pediu celeridade à justiça no processo envolvendo António Costa.."Os partidos que construíram o estado de Direito democrático e a democracia devem pugnar, lutar, defender a separação de poderes, e eu faço esse apelo ao PS: não judicialize estas eleições", disse..Hugo Soares considerou que o Governo está "contra os médicos, contra os professores, contra os oficiais de Justiça, contra as forças de segurança, contra o Presidente da República e agora contra a Justiça".."O país precisa de tranquilidade, de confiança e esperança, e o PSD pede ao PS que pare de contribuir para o degradar das condições políticas, sociais e económicas em Portugal", reforçou..Nas declarações que fez hoje à comunicação social, Costa considerou que, para que o Presidente da República não seja forçado a uma nova dissolução do parlamento, "é essencial que a direita não seja maioritária na Assembleia da República", uma vez que o Chega "será um fator permanente de instabilidade"..O também primeiro-ministro deixou ainda outro recado, este dirigido ao PSD: "Que ninguém pense que lá por fazer um acordo com o Chega e ter uma maioria na Assembleia da República cria condições de governabilidade".."Não cria. Pelo contrário, é um fator de enorme ingovernabilidade", sustentou.