Lula e Biden lançam pacto global pelos direitos dos trabalhadores. "Momento histórico"

"As duas maiores democracias do hemisfério ocidental estão a defender os direitos humanos no hemisfério e no mundo, incluindo os direitos dos trabalhadores", realçou Biden. "É o renascer de um novo tempo na relação entre os EUA e o Brasil​​​​​​", disse Lula da Silva.​
Publicado a
Atualizado a

Os presidentes do Brasil e dos EUA lançaram esta quarta-feira uma iniciativa global pelos direitos dos trabalhadores e promoção do trabalho digno, numa demonstração de união das "duas maiores democracias do hemisfério ocidental", afirmou o chefe de Estado norte-americano.

"Estamos a promover o crescimento económico inclusivo. As duas maiores democracias do hemisfério ocidental estão a defender os direitos humanos no hemisfério e no mundo, incluindo os direitos dos trabalhadores", disse Biden, ao lado do seu homólogo brasileiro, Lula da Silva, em Nova Iorque, à margem da Assembleia Geral das Nações Unidas.

"As pessoas da classe trabalhadora têm uma chance de subir e os ricos continuam bem, desde que paguem os seus impostos", sublinhou.

O presidente norte-americano frisou ainda ser uma "honra lançar a nova parceria" e disse esperar poder trabalhar com Lula da Silva na construção deste "mundo novo" durante a presidência brasileira do bloco G20.

Lula da Silva, que recordou a Biden ter trabalhado como metalúrgico por 27 anos e que não tem diploma universitário, afirmou que, no mundo atual, "cada vez mais os trabalhadores trabalham mais e ganham menos".

"É o renascer de um novo tempo na relação entre os EUA e o Brasil. Uma relação de iguais, soberana, de interesses comuns do povo trabalhador do seu país e do meu país", disse.

Já na apresentação do pacto global pelos direitos do trabalho, Lula da Silva, também ao lado de Biden, e também do diretor da Organização Internacional do Trabalho (OIT), Gilbert F. Houngbo, afirmou não haver "democracias sem sindicatos fortes", porque são estes que falam "pelo trabalhador para tentar defender os seus direitos".

O chefe de Estado brasileiro elogiou ainda a importância que Biden tem dado aos sindicatos norte-americanos.

Lula da Silva prometeu "criar condições para que todos os governantes do mundo aceitem" um protocolo como o que foi assinado hoje.

Gilbert F. Houngbo, por outro lado, elogiou a assinatura deste pacto, definindo-o como um "momento histórico".

"É um momento histórico termos aqui dois dos líderes mais influentes do mundo reunidos a trabalhar em prol desta iniciativa", sublinhou.

O pacto global hoje lançado, no qual se pretende incluir outros países e parceiros, tem como principais objetivos fortalecer a colaboração bem-sucedida entre Brasil e Estados Unidos em temas como a promoção da igualdade racial, proteção do meio ambiente e enfrentamento da crise climática, fortalecimento da democracia e defesa dos direitos dos trabalhadores.

Os principais pontos da iniciativa pelo trabalho digno são a proteção dos direitos dos trabalhadores segundo as normas da OIT , a promoção do trabalho seguro, saudável e decente, responsabilização no investimento público e privado e "promover abordagens centradas nos trabalhadores para as transições digitais e de energia limpa".

No documento lê-se, ainda, que a tónica passa por "aproveitar a tecnologia para o benefício de todos e combater a discriminação no local de trabalho, especialmente para mulheres, pessoas LGBTQI e grupos raciais e étnicos marginalizados".

No encontro entre os dois chefes de Estado, Lula da Silva teve oportunidade de mostrar preocupação pelo crescimento de "setores extremistas" que tentam "ocupar o espaço, em função da negação política".

"Isso já aconteceu no Brasil, está acontecendo na Argentina e está acontecendo em vários outros países", afirmou.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt