Uma situação que afeta tanto os empresários nacionais de grande a pequena dimensão como os investidores estrangeiros, com um longo período de instabilidade política a alastrar, particularmente este ano, à economia.."Francamente, neste momento, estamos todos os viver uma situação muito difícil. O mercado caiu muito, em todos os setores, da construção civil às lojas e os atrasos nos pagamentos do Estado não ajudam", disse à Lusa Oscar Lima, presidente da Câmara de Comércio e Indústria timorense.."Os dados que temos estimam que as dívidas do Estado aos empresários já ultrapassam os 400 milhões de dólares. E que mais de 300 pessoas já fecharam empresas, muitas estrangeiras", explicou..Oscar Lima diz que a quebra económica afeta todos os setores, notando-se muito no retalho e restauração, especialmente na capital, com muitos negócios fechados.."Não podemos continuar assim. Se não recebermos, se nada for feito para criar estabilidade, teremos que começar a despedir mais pessoas ainda. Apelamos aos líderes para que resolvam as coisas", afirmou.."Até as lojas dos chineses estão a passar mal", disse..Jorge Serrano, dono do grupo GMN, um dos maiores do país, diz muitos já se a arrependeram do investimento que fizeram em Timor-Leste, perante uma grande "quebra de confiança" no país.."Estamos a ter de aguentar as empresas praticamente sem receber. Os bancos não financiam porque não há liquidez. Tenho 732 funcionários e isso representa um custo mensal elevado. E até setembro a quebra de faturação foi de 60%", afirmou.."Isto nunca aconteceu aqui. Nem na crise de 2006 a economia esteve assim", disse, referindo-se ao período, nesse ano, em que o país quase entrou em guerra civil. .Serrano diz que muitos estão à procura de outros mercados, inclusive timorenses, e que o mais grave é não haver sinais de solução, com as empresas incapazes de aguentar mais tempo.."Investimos e apostamos no país também por responsabilidade, sentido de Estado. Mas temos de ganhar dinheiro, senão não dá. Se não conseguimos sequer pagar custos, temos de fechar", afirmou..Vários empresários, de maior e menor dimensão, ouvidos pela Lusa, confirmam a situação "dramática" que afeta muitas empresas, com poucos ou nenhuns projetos públicos, atrasos no componente de 'bens e serviços' e no pagamento de dívidas do Estado..Muitos não querem dar o nome, mas confirmam que tiveram de recorrer a linhas de crédito, que estão com problemas em manter liquidez ou que, simplesmente, não têm clientes ou tiveram uma redução significativa de vendas..Empresas de contabilidade em Timor-Leste confirmam a quebra no negócio, afirmando que empresas fecharam, muitas estão com atividade suspensa, "a zeros", e que a maioria reporta quebras de faturação significativas..Vitor Costa, da empresa de contabilidade Primos Boot, confirmou à Lusa que, entre os setores económicos afetados, o da construção "é o de maior impacto", mas que a quebra se nota também em setores como o retalho e a restauração.."Já fechei quatro empresas este ano, a maior parte da construção. Quase todos os setores notam perdas. Quedas que em média são de 30%", explicou.."Desapareceu um terço do mercado. Pelo memos a nível de faturação", explicou.."Há empresas que estão cá só no papel, que deixaram Timor à espera que isto melhor. E com menos pessoas, menos internacionais a consumir, isso vai influenciar anda mais na restauração, nos supermercados, em toda a economia", disse..Brígida Viegas, responsável da Safe Accounting, empresa mais recente no mercado, diz que também se nota a quebra na faturação, com destaque para a restauração, que algumas empresas se registam "na esperança de poder arrancar" e que outras estão "disponíveis para vender"..Entre os estrangeiros há mais tempo em Timor-Leste, Tiago Barata, diretor do Hotel Timor, em Díli, também confirma a queda no volume de negócio este ano.."Desceu consideravelmente. Menos 20% dormidas, marcações de eventos. E isso face a 2017 que já foi ano de quebra, de cerca de 7%", disse.."Não me lembro de ter havido aqui uma situação idêntica ou pior que esta", disse.