A Doca de Belém vai ter uma nova rampa de acesso ao rio Tejo para que mais praticantes de desportos náuticos possam ter acesso à agua, uma vez que o espaço existente já é demasiado pequeno para tão grande afluência. O projeto, que contou com o apoio da Associação Naval de Lisboa (ANL), nasceu de uma ideia de José Pedro Esquível, cujo filho faz vela adaptada, e foi aprovado no âmbito do Orçamento Participativo de 2021 da Câmara Municipal de Lisboa.."A única rampa que temos atualmente não é suficiente para o número de praticantes de vela que saem da Doca de Belém, o que dificulta a subida e descida de embarcações", explica Miguel Vieira, vice-presidente da ANL, ao DN. O objetivo é, obviamente, dar melhores condições aos praticantes de desportos náuticos. É que, sobretudo aos fins de semana, a atual rampa, com cerca de quatro metros de largura, torna-se pequena para tão grande fluxo de entrada e saída de embarcações. Além disso, a rampa existente tem um declive muito acentuado, o que faz com que apenas possa passar um barco de cada vez. Isto causa constantes engarrafamentos, o que prejudica a eficiência das aulas e dos treinos, além de limitar o acesso dos praticantes de desportos náuticos adaptados..A nova rampa, que implica um investimento de 150 mil euros, já começou a ser construída, mas ainda não tem uma data para ser finalizada. Ficará junto à existente, terá também quatro metros de largura, um passadiço flutuante e um acesso articulado à água. "A rampa acompanha o movimento da maré. Isto permite que o piso nunca esteja dentro de água e, como tal, não surgem algas na estrutura, como acontece no betão", diz Miguel Vieira. A rampa existente vai continuar a ser utilizada em conjunto com a nova, pelo que irá duplicar a capacidade de praticantes. O projeto inclui ainda uma grua de cais para barcos mais pesados, que vai substituir a existente. O vice-presidente da Associação Naval de Lisboa lamenta, no entanto, a quantidade de burocracia envolvida em todo o processo que está em curso..Refira-se que a ANL, que se instalou neste local em 1945, está aberta todos os dias da semana e tem cerca de 300 pessoas a fazer vela na Doca de Belém, sendo que os dias mais movimentados são sábado e domingo. Há cerca de 30 pessoas que fazem vela adaptada e a relação próxima com a Associação Salvador, que promove a inclusão das pessoas com deficiência motora na sociedade, permitiu criar uma equipa de competição de vela adaptada. Nesse sentido, Miguel Vieira diz que a Doca de Belém é um dos locais mais propícios para fazer e aprender vela. "Este troço do rio Tejo tem dois quilómetros de largura o que significa que os ventos de norte ou de sul não criam grande ondulação. A única questão é que o Tejo tem uma corrente forte o que significa que os praticantes que aqui aprenderem a velejar, sabem velejar em qualquer lugar", revela..Além da nova rampa, toda a Doca de Belém vai ser reformada pela Administração do Porto de Lisboa (APL). Esta intervenção pretende reordenar as estruturas existentes, melhorar o piso e a operação dos vários clubes que estão instalados naquela zona ribeirinha, bem como permitir uma melhor circulação por parte da população. O Polo Náutico de Belém, uma infraestrutura onde os nautas podem reparar as suas embarcações de recreio, também será remodelado. "A preocupação da APL em requalificar este espaço já é antiga. Queremos que a população e os praticantes tenham condições e serviços de qualidade nesta zona", afirma António Caracol, vogal do Conselho de Administração do Porto de Lisboa, ao DN..O Porto de Lisboa é composto por quatro docas - Alcântara, Santo Amaro, Belém e Bom Sucesso - que resultam da reabilitação das antigas docas de abrigo construídas em finais do século XIX, a propósito das grandes obras naquela zona da cidade, que começaram em Alcântara..A Doca de Belém, tal como a do Bom Sucesso, foram construídas junto da zona de onde, a 8 de julho de 1497, uma frota comandada por Vasco da Gama partiu à descoberta da Índia. A Doca de Belém chegou mesmo a servir para uso exclusivo da marinha de guerra..As obras de reconversão da doca para adaptar este espaço a atividades de recreio e de desporto náutico foram efetuadas entre 1948 e 1950. No entanto, só a partir de 1984 é que foram realizados trabalhos de melhoramento e reequipamento, com instalação de passadiços flutuantes, que apenas terminaram em 2001..Com capacidade para cerca de 170 embarcações, a Doca de Belém tem, além da parte náutica, alguma atividade marítimo-turística, que António Caracol destaca pelo seu crescimento desde 2014 devido ao desenvolvimento do turismo na cidade de Lisboa..sara.a.santos@dn.pt