O Governo alemão desmentiu ontem ter recebido um "pedido oficial" das autoridades do Egipto para que a Alemanha devolva o busto da rainha Nefertiti que está exposto no Neues Museum, em Berlim. "Não é um pedido oficial: um pedido oficial é feito de governo para governo", disse um porta--voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros germânico..Este informou que existe uma carta de Zahi Hawass, secretário- -geral do Conselho Supremo de Antiguidades do Egipto (que esteve há dias em Portugal), pedindo a devolução da obra, mas datada de 2 de Janeiro passado, dirigida ao presidente da Fundação do Património Cultural Prussiano em Berlim, Hermann Parzinger. .A posição do Governo alemão a este respeito "continua imutável e é conhecida", referiu ainda aquele. A Alemanha declarou-se sempre contrária à restituição ao Egipto desta peça maior da era faraónica..Ontem também, Zahi Hawass tinha anunciado haver transmitido um "pedido oficial", com o apoio do primeiro-ministro egípcio Ahmed Nazif e do ministro da Cultura Farouk Hosni, a Herman Parzinger, director da fundação responsável pelos museus públicos alemães, que inclui o Neues Museum. .A Fundação do Património Cultural Prussiano indicou por sua vez, num comunicado, que o citado pedido não é "oficial", acrescentando que o mesmo não foi assinado pelo primeiro-ministro egípcio. No mesmo comunicado, lê-se ainda que a fundação não muda a sua posição no que respeita à restituição do busto de Nefertiti, frisando: "Ela é, e continua a ser, a melhor embaixadora do Egipto em Berlim.".O busto da célebre rainha (1370-1330 a. C.), mulher do faraó Akhenaton, foi descoberto em 1912 pelo arqueólogo alemão Ludwig Borchardt durante umas escavações em Tel el Amarna, no sul do Egipto. Segundo as autoridades locais, o arqueólogo terá feito sair a obra do país ilegalmente..Numa entrevista dada ao DN no passado dia 19, Zahi Hawass disse estar convicto de ir "ganhar a batalha por Nefertiti. E se não acontecer agora, pelo menos dei início a essa luta. O busto foi levado ilegalmente e sem permissão.".O busto de Nefertiti é uma de cinco peças emblemáticas expostas no estrangeiro que o Egipto pede a devolução. As outras são a Pedra da Roseta, que se encontra no Museu Britânico, o Zodíaco de Dendera, no Louvre, a estátua de Ramsés II, no Museu de Turim, e a escultura do arquitecto da Grande Pirâmide, Heminu, no Museu de Hildesheim, também na Alemanha.