É o número mais alto de sempre de aposentações num único mês. São 460 os professores que, em setembro, se aposentam e saem, assim, do sistema de ensino. Estes juntam-se a 2295 professores já reformados este ano. No total, desde janeiro, são 2757. O ano passado registou o número mais alto de aposentações da última década, com 3500 saídas, mas 2024 deverá chegar a cerca de cinco mil.
A corrida às aposentações intensificou-se. Desde o início do ano, houve apenas um mês com menos de duas centenas de aposentações. Janeiro começou com 434 aposentações. Os números mensais de quem segue para a reforma foram também superiores às três centenas em fevereiro (315), março (302) e agosto (345). Contudo, os números poderão ser ainda mais expressivos, pois estes refletem apenas os aposentados da Caixa Geral de Aposentações (CGA), não havendo dados dos docentes que se reformam pela Segurança Social.
Filinto Lima, presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP), diz tratar-se de “mais um constrangimento para a estratégia de combate à escassez de professores”. As escolas, explica, contavam com esses professores para o próximo ano letivo e já tinha sido feita a distribuição de serviço. Segundo o dirigente ,“fazendo uma estimativa muito por baixo do número de alunos que podem ficar sem aulas, se pensarmos que cada professor tem 3 turmas e 20 alunos por turma, serão muitos milhares [27600]”.
Filinto Lima relembra que, dependendo dos grupos de recrutamento (disciplinas) e das zonas onde residem os professores aposentados, o problema pode vir a ter repercussões maiores. “No ano passado, quando saíram as colocações em agosto, já havia grupos de recrutamento sem candidatos por colocar. Se os professores que agora se reformam forem desses grupos, pode vir a ser muito difícil encontrar soluções”, explica.
O presidente da ANDAEP espera que haja, ainda antes do dia do arranque do ano letivo [12 de setembro], as chamadas Reservas de Recrutamento. “Talvez assim se possa atenuar um pouco o problema, mas a verdade é que a situação é um grande constrangimento para as escolas e para os alunos e pode não ajudar a ter um arranque de ano letivo pacífico”, conclui.