Liga dos Campeões
26 novembro 2024 às 22h32
Leitura: 5 min

Distrações fatais ditam pesada derrota do Sporting diante do Arsenal

João Pereira foi goleado na estreia europeia como treinador leonino diante dos gunners. Mikel Arteta, técnico do Arsenal, foi mestre na arte de aprisionar Gyökeres.

O Sporting tornou o jogo com o Arsenal bem mais complicado do que o esperado e acabou por sofrer uma pesada derrota na quinta jornada da Liga dos Campeões (5-1), prova em que os leões continuam bem posicionados para seguir em frente (8.º lugar).

Foi um início de jogo confuso e intranquilo da parte do Sporting. Ainda as bancadas cantavam “O Mundo sabe que...” a plenos pulmões quando aconteceu o primeiro calafrio. Um erro de Gonçalo Inácio no primeiro minuto do jogo deu a Calafiori uma oportunidade de ouro para marcar, mas o italiano errou o alvo. 

Dois minutos depois, uma exaltação desproporcional de Diomande valeu-lhe um cartão amarelo, e não fosse o capitão Hjulmand a impedir que fosse confrontar o árbitro assistente, a equipa podia ter ficado a jogar com dez. Pior que o descontrolo emocional de Diomande foi ver as dificuldades sentidas pelo Sporting para transpor a primeira linha de pressão do Arsenal, que assim aprisionou Gyökeres (Arteta tinha avisado que sabia como travar o sueco).

Aos sete minutos, Gabriel Martinelli, sozinho ao segundo poste, só teve de encostar o pé na bola para festejar. O golo sofrido libertou por momentos a equipa leonina ofensivamente, mas não chegou para travar o Arsenal, que chegaria ao 2-0, num lance idêntico ao do primeiro golo. Thomas Partey descobriu Saka nas costas de Maxi Araújo, e o extremo inglês serviu rasteiro para Kai Havertz, que apenas teve de encostar para o fundo das redes da baliza de Franco Israel.

O Sporting sentia muitas dificuldades em contrariar a posse de bola do Arsenal, que jogava de forma confortável e com Saka a lançar o caos na defensiva leonina. Arteta aprendeu com os melhores (foi adjunto de Guardiola) e deu uma aula de como iludir o adversário, deixando-o pensar que estava a acertar marcações e mais confiante na circulação, para o voltar a ferir. 

Gabriel fez o 3-0, em cima do intervalo, num daqueles lances a que os treinadores gostam de chamar de “golo de laboratório”. Num pontapé de canto batido de forma tensa por Declan Rice, Gabriel apareceu solto e fazer o terceiro. 

Fazer pior no segundo tempo era impossível.

E deve ter sido essa a mensagem do sucessor de Ruben Amorim ao intervalo, uma vez que a equipa voltou com outra atitude. Morita aqueceu as luvas a Raya, que depois foi surpreendido por Gonçalo Inácio. O central já tinha marcado aos londrinos no jogo de 2022 e reduziu a desvantagem. Seguiu-se um livre direto (e muito perigoso) desperdiçado por Gyökeres, que teve um jogo não e ainda acertou no poste já no final do jogo.

Alvalade ainda sonhou com uma reviravolta história, como aquela conseguida diante do Manchester City (4-1), mas não há dois jogos iguais. Saka fez o 4-1 de grande penalidade, acabando com qualquer espírito combativo que pudesse restar aos leões. Até porque na outra baliza, Raya teimava em agigantar-se e impediu um grande golo de Hjulmand aos 73 minutos, como no primeiro tempo tinha evitado a glória a Quenda.

Depois de uma defesa incompleta de Israel a um remate de Merino, Trossard foi mais rápido que os centrais leoninos e fez o quinto dos ingleses, que assim aplicaram a maior derrota da época ao Sporting, a quem, desta vez, nem Gyökeres valeu. Mas se havia jogo que João Pereira podia perder, depois de golear o Amarante na Taça de Portugal, era o de hoje, não só pelo valor do adversário como pela posição confortável na classificação (8º). Segue-se o Santa Clara e o ataque ao recorde de vitórias seguidas no campeonato (12). 

isaura.almeida@dn.pt