O Sporting tornou o jogo com o Arsenal bem mais complicado do que o esperado e acabou por sofrer uma pesada derrota na quinta jornada da Liga dos Campeões (5-1), prova em que os leões continuam bem posicionados para seguir em frente (8.º lugar).
Foi um início de jogo confuso e intranquilo da parte do Sporting. Ainda as bancadas cantavam “O Mundo sabe que...” a plenos pulmões quando aconteceu o primeiro calafrio. Um erro de Gonçalo Inácio no primeiro minuto do jogo deu a Calafiori uma oportunidade de ouro para marcar, mas o italiano errou o alvo.
Dois minutos depois, uma exaltação desproporcional de Diomande valeu-lhe um cartão amarelo, e não fosse o capitão Hjulmand a impedir que fosse confrontar o árbitro assistente, a equipa podia ter ficado a jogar com dez. Pior que o descontrolo emocional de Diomande foi ver as dificuldades sentidas pelo Sporting para transpor a primeira linha de pressão do Arsenal, que assim aprisionou Gyökeres (Arteta tinha avisado que sabia como travar o sueco).
Aos sete minutos, Gabriel Martinelli, sozinho ao segundo poste, só teve de encostar o pé na bola para festejar. O golo sofrido libertou por momentos a equipa leonina ofensivamente, mas não chegou para travar o Arsenal, que chegaria ao 2-0, num lance idêntico ao do primeiro golo. Thomas Partey descobriu Saka nas costas de Maxi Araújo, e o extremo inglês serviu rasteiro para Kai Havertz, que apenas teve de encostar para o fundo das redes da baliza de Franco Israel.
O Sporting sentia muitas dificuldades em contrariar a posse de bola do Arsenal, que jogava de forma confortável e com Saka a lançar o caos na defensiva leonina. Arteta aprendeu com os melhores (foi adjunto de Guardiola) e deu uma aula de como iludir o adversário, deixando-o pensar que estava a acertar marcações e mais confiante na circulação, para o voltar a ferir.
Gabriel fez o 3-0, em cima do intervalo, num daqueles lances a que os treinadores gostam de chamar de “golo de laboratório”. Num pontapé de canto batido de forma tensa por Declan Rice, Gabriel apareceu solto e fazer o terceiro.
Fazer pior no segundo tempo era impossível.
E deve ter sido essa a mensagem do sucessor de Ruben Amorim ao intervalo, uma vez que a equipa voltou com outra atitude. Morita aqueceu as luvas a Raya, que depois foi surpreendido por Gonçalo Inácio. O central já tinha marcado aos londrinos no jogo de 2022 e reduziu a desvantagem. Seguiu-se um livre direto (e muito perigoso) desperdiçado por Gyökeres, que teve um jogo não e ainda acertou no poste já no final do jogo.
Alvalade ainda sonhou com uma reviravolta história, como aquela conseguida diante do Manchester City (4-1), mas não há dois jogos iguais. Saka fez o 4-1 de grande penalidade, acabando com qualquer espírito combativo que pudesse restar aos leões. Até porque na outra baliza, Raya teimava em agigantar-se e impediu um grande golo de Hjulmand aos 73 minutos, como no primeiro tempo tinha evitado a glória a Quenda.
Depois de uma defesa incompleta de Israel a um remate de Merino, Trossard foi mais rápido que os centrais leoninos e fez o quinto dos ingleses, que assim aplicaram a maior derrota da época ao Sporting, a quem, desta vez, nem Gyökeres valeu. Mas se havia jogo que João Pereira podia perder, depois de golear o Amarante na Taça de Portugal, era o de hoje, não só pelo valor do adversário como pela posição confortável na classificação (8º). Segue-se o Santa Clara e o ataque ao recorde de vitórias seguidas no campeonato (12).
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