Médio Oriente
28 maio 2024 às 10h07
Atualizado em 28 maio 2024 às 10h16
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China manifesta "profunda preocupação" com operação militar de Israel em Rafah

"Instamos Israel a dar ouvidos ao apelo da comunidade internacional e a cessar os seus ataques a Rafah", declarou o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês.

O Governo chinês expressou esta terça-feira a sua "profunda preocupação" com os ataques israelitas em Rafah, na Faixa de Gaza, depois de o exército de Israel ter bombardeado um campo para pessoas deslocadas, que fez um elevado número de mortos.

"A China manifesta a sua profunda preocupação com as operações militares israelitas em curso contra Rafah", declarou o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Mao Ning, em conferência de imprensa regular.

"Exigimos que todas as partes protejam os civis e as instalações civis e instamos Israel a dar ouvidos ao apelo da comunidade internacional e a cessar os seus ataques a Rafah", afirmou Mao Ning.

Israel intensificou esta terça-feira os seus ataques à cidade. O Conselho de Segurança da ONU convocou já uma reunião de emergência.

Estes novos bombardeamentos surgem na sequência de uma onda de condenação internacional a um ataque na zona, que fez 45 mortos e 249 feridos, no domingo à noite, segundo o Ministério da Saúde de Gaza.

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, lamentou "o acidente trágico".

O exército israelita afirmou que está a investigar a morte das vítimas civis, depois de ter dito inicialmente que tinha visado dois altos funcionários do Hamas com "munições precisas".

"A posição da China sobre o conflito israelo-palestiniano é constante e clara. Opomo-nos a qualquer violação do direito internacional, incluindo o direito humanitário internacional", sublinhou Mao Ning.

"A comunidade internacional deve trabalhar em conjunto para aliviar e pôr fim ao desastre humanitário em Gaza", vincou.

A China tem boas relações com Israel, mas apoia a causa palestiniana há décadas.

Pequim tem tradicionalmente feito campanha por uma solução de dois Estados, enquanto o processo de paz israelo-palestiniano está num impasse desde 2014

Rafah voltou a ser alvo de ataques da artilharia e da aviação israelita

As forças de Israel voltaram, entretanto, a atacar Rafah, no sul da Faixa de Gaza, com artilharia e aviação de combate, apesar da condenação internacional após o bombardeamento de um campo de deslocados palestiniano, no domingo.

Correspondentes da AFP em Rafah e várias testemunhas relataram esta terça-feira ataques aéreos e fogo de artilharia no centro e oeste da cidade do enclave que faz fronteira com o Egito.

"Não dormimos toda a noite porque houve bombardeamentos por todo o lado, incluindo fogo de artilharia e bombardeamentos aéreos", disse à AFP Faten Jouda, uma mulher de 30 anos que vive no bairro de Tal Al-Sultan, no noroeste de Rafah, onde ocorreu o ataque de domingo.

"Foi assustador. Toda a gente continuava a fugir. Nós também nos vamos embora, tememos pelas nossas vidas", acrescentou.

Uma mulher foi morta num bombardeamento contra um edifício, segundo um médico do hospital dos Emirados em Rafah.

Um correspondente da AFP relatou também bombardeamentos e troca de tiros em vários bairros da cidade de Gaza, no norte do território, nas últimas horas, onde um ataque a uma casa fez três mortos e vários feridos.

Estes ataques ocorrem no dia em três países europeus reconhecem formalmente o Estado da Palestina: Espanha, Noruega e Irlanda.