Acidente com helicóptero de combate a incêndios
31 agosto 2024 às 09h12
Atualizado em 31 agosto 2024 às 21h50
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Investigação já ouviu piloto do helicóptero e testemunhas do acidente que vitimou cinco militares da GNR

Cerimónias fúnebres dos militares da GNR mortos em acidente de helicóptero vão realizar-se este domingo, após ter sido encontrado este sábado o último corpo que permanecia desaparecido no rio Douro. Piloto já foi ouvido. Autoridades admitem que o impacto do helicóptero no rio foi de “forte violência”.

O organismo responsável pela investigação à queda do helicóptero de combate a incêndios no rio Douro, em Lamego - que vitimou cinco militares da GNR -, já ouviu o piloto e testemunhas e concluiu "o essencial da fase de trabalhos de campo".

Em comunicado, o Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários (GPIAAF) diz que "concluiu o essencial da fase de trabalhos de campo da investigação ao acidente", ocorrido na sexta-feira, próximo de Samodães, Lamego.

"Tendo procedido à recolha de evidências no local do acidente, nomeadamente entrevistas ao piloto [único sobrevivente] e a testemunhas, bem como do essencial dos destroços da aeronave, os quais estão em trânsito para o hangar de investigação do GPIAAF no aeródromo de Viseu, durante a manhã de domingo ainda se tentará proceder à localização e recuperação de alguns destroços secundários", indica este organismo público.

O GPIAAF acrescenta que "em conformidade com a legislação e práticas internacionais" foram notificadas, na sexta-feira, "as autoridades aeronáuticas internacionais interessadas, as quais designaram peritos para cooperar com a investigação, incluindo do fabricante da aeronave, que participarão na peritagem aos destroços da aeronave".

"O GPIAAF tenciona publicar ao final da próxima terça-feira uma nota informativa dando conta das constatações iniciais e do caminho a prosseguir pela investigação", lê-se ainda no comunicado enviado esta noite à agência Lusa.

Último corpo encontrado

Foi encontrado por volta das 16:15 horas o corpo do militar da GNR que ainda estava desaparecido no rio Douro, na sequência da queda do helicóptero de combate a incêndios. Tiago Pereira tinha 29 anos e estava na aeronave que se despenhou sexta-feira, num acidente em que resultou a morte de cinco militares da GNR, tendo apenas o piloto sobrevivido.

Apesar de estarem encontrados todos os corpos, as buscas no rio vão prosseguir para tentar encontrar duas peças importantes em falta, que podem ser úteis para a investigação das cuasas do acidente.

O corpo foi encontrado durante as buscas subaquáticas na zona onde o helicóptero caiu. Equipas multidisciplinares encontram-se no rio para retirar do corpo, com mais de 200 operacionais a trabalhar desde as primeiras horas da manhã.

Os militares que morreram na queda de um helicóptero no rio Douro, no concelho de Lamego, terão agora as devidas honras fúnebres, afirmou a porta-voz da GNR, depois de encontrado o quinto e último corpo das vítimas.

"O desfecho não era o esperado, mas acho que foi o melhor que se conseguiu, com todos os meios que tínhamos à nossa disponibilidade, foi que o rio devolvesse, no fundo, o conforto às nossas famílias, à família da Guarda também, e temos os cinco militares connosco para, agora, conseguirmos prestar as devidas cerimónias e honras fúnebres que merecem e que nós teremos todo o respeito em lhes atribuir", disse aos jornalistas a tenente-coronel Mafalda Almeida.

Na sexta-feira já tinham sido localizados, na mesma zona, os corpos dos outros quatro militares da Unidade de Emergência de Proteção e Socorro (UEPC) que seguiam no helicóptero que caiu ao rio Douro.

O piloto da aeronave sofreu ferimentos, foi resgatado por uma embarcação de recreio e hospitalizado.

"Temos os cinco militares localizados, resgatados, infelizmente são cinco vítimas mortais. É pesado. Neste momento, o que estará para a frente é prestar-lhes a devida homenagem", salientou Mafalda Almeida, que falava no posto de comando das operações, no cais de Lamego.

Trabalhos prosseguem para encontrar peças importantes

Os trabalhos no rio Douro vão prosseguir para recuperar duas peças importantes para investigação das causas da queda do helicóptero sexta-feira em Samodães, após ser localizado o corpo da última vitima mortal e concluídas as buscas, segundo o comandante da operação.

"Estamos a proceder à retração da maior parte do dispositivo, todavia existem ainda, em termos forenses, a necessidade de localizar dois importantes componentes do helicóptero, que são cruciais para a investigação dos acidentes aéreos e que são o rotor da cauda e um computador que serve de navegação para o dispositivo", disse Rui Silva Lampreia, comandante regional da Polícia Marítima do Norte.

O responsável acrescentou que as "peças são fundamentais" e "daí a importância de os localizar, recuperá-los e disponibilizá-los ao Gabinete de Prevenção de Incidentes com Aeronaves para que se consiga ter o máximo de elementos disponíveis para tirarem as melhores conclusões sobre as causas que levaram à queda da aeronave".

Este sábado irá ser montada a estratégia e, no domingo, serão retomados trabalhos de recuperação dos componentes, que estarão a cargo dos mergulhadores forenses da Polícia Marítima e de corporações de bombeiros.

Cerimónias fúnebres este domingo

As cerimónias fúnebres dos militares da GNR que morreram na sexta-feira no acidente de helicóptero de combate a incêndios vão realizar-se este domingo à tarde, anunciou a autarquia, que decidiu suspender as festas da cidade.

As missas de corpo presente dos militares da Unidade de Emergência de Proteção e Socorro da GNR, naturais do concelho de Lamego, vão realizar-se no domingo na Igreja de Santa Cruz, às 15:00, e na Igreja Paroquial de Sande, às 18:00, seguindo-se depois os cortejos fúnebres, revelou o município de Lamego em comunicado.

A autarquia anunciou ainda que decidiu suspender todas as atividades das Festas em Honra à Nossa Senhora dos Remédios agendadas para esse mesmo dia, "nomeadamente a 13ª Marcha e Corrida da Mulher Duriense, o Cortejo Etnográfico e o espetáculo comemorativo do Dia das Bandas Filarmónicas, na Av. Dr. Alfredo de Sousa".

Impacto de helicóptero no rio causou "destruição total"

Em breve começará a perceber-se as causas do acidente. Além do envio dos destroços do helicóptero para o centro de investigação em Viseu, o piloto sobrevivente será ouvido nesta tarde, confirmou o comandante Silva Lampreia. "Hoje será realizada a recolha do testemunho", atestou. Ainda segundo Lampreia, a aeronave acidente não possui caixa negra, mas apenas um equipamento capaz de assegurar "algum registo" do que aconteceu.

Uma das conclusões a que já chegaram as equipas de resgate foi que o impacto do helicóptero no rio Douro foi de “forte violência” e causou a “destruição total da aeronave”, de acordo com o comandante regional da Polícia Marítima do Norte.

“Face àquilo que já encontramos e às imagens que temos registadas, tudo indica que o impacto foi de forte violência e causou a destruição total da aeronave. Face ao estado em que se encontra a aeronave, a violência do impacto foi bastante forte e causou praticamente a destruição, está quase irreconhecível diria eu”, revelou Rui Silva Lampreia. 

O comandante prestou as declarações ao lado de Nuno Melo, ministro da Defesa, que limitou-se a prestar solidariedade com as pessoas envolvidas no trágico acidente.

O helicóptero de combate a incêndios florestais caiu no rio Douro na sexta-feira, próximo da localidade de Samodães, Lamego, e transportava um piloto e uma equipa de cinco militares da Unidade de Emergência de Proteção e Socorro (UEPC) que regressavam de um fogo no concelho de Baião.

A porta-voz da GNR, tenente-coronel Mafalda Almeida, disse que a Guarda mantém o acompanhamento às famílias dos militares que perderam a vida neste acidente.

"Neste momento estamos de luto, estamos em dor, não é só as famílias, a própria família da Guarda", referiu.

Os militares têm entre os 29 e os 45 anos, três são naturais de Lamego, um de Moimenta da Beira e outro de Castro Daire, no distrito de Viseu.

As causas do acidente ainda não são conhecidas.

O Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários tem uma equipa no terreno a investigar o acidente.