Meteorologia
23 setembro 2024 às 18h14
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Risco de fogos fica muito reduzido devido às chuvas dos próximos dias

A chuva intensa chega esta terça-feira a norte e será mais persistente no Minho. Meteorologista Pedro Sousa revela que o calor pode regressar, numa situação típica das estações de transição mas que a floresta estará mais húmida e salvaguardada dos incêndios.

O alerta para chuva está emitido para a manhã desta terça-feira, 24, para seis distritos a norte de Coimbra: Aveiro, Viseu, Porto, Braga, Viana do Castelo e Vila Real. “É um período curto, entre as seis da manhã e o início da tarde de terça, que corresponde à passagem desse primeiro sistema mais ativo. Depois, existe uma acalmia e um novo agravamento na quarta-feira, dia 25. De qualquer das formas, após o episódio começar, e mesmo nos períodos em que não há aviso, a precipitação vai continuar a ser persistente, nomeadamente nas zonas de montanha”, começa para explicar o meteorologista do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), Pedro Sousa.

Outro alerta amarelo para a chuva está também emitido. “É relativo ao período mais crítico, que será entre quarta e quinta-feira, à hora do almoço. Este aviso está emitido para todos os distritos já referidos e também para Coimbra. A parte mais a sul e mais interior não estão com aviso, no momento, mas poderá vir a haver alguma alteração”, avisa.

O meteorologista acredita que a chuva será muito forte, sobretudo no Minho. “Este episódio vai começar no extremo norte, ainda sem grande intensidade, prolonga-se até quinta-feira, portanto será longo, com bastante persistência de chuva no continente, em especial no litoral norte e centro, e com maior incidência na zona do Minho. Será aí que a chuva será mais persistente e intensa”, indica o meteorologista. “Teremos valores acumulados bastante significativos, em especial nas serras do Minho, na zona do Gerês”.

A mudança no tempo tem a ver com o célebre anticiclone dos Açores. “O que nós temos é o anticiclone dos Açores numa posição ligeiramente mais a sul do que esteve nos dias e semanas anteriores e já permite que as tempestades atlânticas vão baixando um bocadinho de latitude. Neste momento já começa a estar numa posição ainda a norte, mas que permite que o tempo associado, com frentes e perturbações, já passem pelo nosso território. Desta forma, temos o que se chama uma corrente de oeste, que vai fazer uma sucessão de sistemas frontais, a passar no continente, nos próximos dias. Nesta circulação, é transportada uma massa de ar muito húmida, de latitudes mais baixas, com muito conteúdo em vapor de água e que favorece esta precipitação persistente e um bocadinho intensa”.

O mau tempo poderá estender-se até ao início da próxima semana. Contudo, o meteorologista Pedro Sousa adianta: “Para já é o padrão dos próximos dias e, até, eventualmente, da próxima semana, em que poderá continuar um pouco este tempo já típico de outono. Mas nada garante que não possa ainda haver, durante o mês de outubro, algum episódio de tempo mais seco e quente”. E recorda: “Se nos lembrarmos, em 2017, os piores incêndios ocorreram a meio de outubro.” 

Ainda assim, caso o calor regresse com força, o risco de incêndio será menor. “A probabilidade de haver um evento desses é pequena. Além disso, esta precipitação que vamos ter, especialmente na metade norte do país, vai reduzir bastante as condições de seca da vegetação. Nas zonas de maior relevo orográfico, ou seja, zonas de serra e montanhosas, há a tendência a que a chuva seja ainda mais forte. Na verdade, o acumular do verão todo a secar a vegetação contribuiu muito para a situação dos fogos da passada semana”, analisa o meteorologista.