Eleições legislativas
11 março 2024 às 01h23
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PAN. Inês Sousa Real mantém-se como única deputada no Parlamento

A noite foi longa e silenciosa na sede de campanha do PAN. Inês Sousa Real demorou a aparecer para assumir a vitória de ter sido eleita. É a única. Falhou a tão desejada eleição de um grupo parlamentar.

A Sala Tejo da Estação do Rossio, em Lisboa, foi o local escolhido pelo ‘Pessoas, Animais e Natureza’ (PAN) para esperar pelos resultados finais das legislativas. Não foi um acaso: afinal de contas o passe social gratuito e o investimento na ferrovia eram duas das bandeiras do partido. Uma sala onde cabia pouca gente, não mais de 50 pessoas, e onde sobressaía a presença de um canídeo, também ele a demonstrar cansaço pela longa espera.

Ao  longo da noite o ambiente foi sempre de silêncio e expectativa. Pelas 23:15 ainda faltavam sete mil votos a Inês Sousa Real para conseguir ser eleita, pelo círculo eleitoral de Lisboa. 


A líder do PAN esteve na sala, ao início da noite, para reagir às primeiras projeções de resultados. Na altura assumia: “Há uma grande amplitude”. Tanto podia eleger quatro deputados como nenhum e o PAN sair do Parlamento. A meio da noite eleitoral voltou à sala para cumprimentar os poucos militantes que por aqui estavam. E voltou a sair.

Durante a noite eleitoral, Inês Sousa Real preferiu sempre o recato, bem como outros membros do partido. As bandeiras permaneceram enroladas, nas costas das cadeiras. Nunca houve momentos de alegria.

 
Só pelas 23:30 houve, finalmente, uma explosão de alegria na sala, com a eleição de Inês Sousa Real. Palmas e agitar de bandeiras que, mesmo assim, não duraram mais que um minuto. Afinal de contas, o PAN falha o tão desejado grupo parlamentar e a líder do partido continuará a ser deputada única no hemiciclo. “É frustrante porque foi por muito pouco que não conseguimos eleger um grupo parlamentar”, opina Bebiana Cunha, ex deputada do PAN.


Inês Sousa Real, por sua vez, logo ao início da noite, quando ainda lhe restava alguma esperança de eleger um grupo parlamentar, avisava que o PAN “faz muita falta ao Parlamento”. Ainda assim, reforçava Inês Sousa Real, “os resultados estão já em crescimento face àqueles de 2022”. 


Ao mesmo tempo, a líder do PAN fez questão de distanciar-se da Aliança Democrática (AD). “Quem votou no PAN sabe que pode contar com o facto de as causas que representamos serem irrenunciáveis. Mantemos aquilo que dissemos até aqui em relação à Aliança Democrática”. E o que disse, há cerca de uma semana, foi forte: “Um voto a favor quer do Chega quer da Aliança Democrática é claramente um voto contra os direitos das mulheres, contra também a proteção dos animais (...)ou direitos sociais fundamentais”.

"Os portugueses não querem uma agenda fascista"

"Marcelo Rebelo de Sousa tem, repetidamente, levado o país a ciclos eleitorais, mesmo estando presente o perigo de estender a passadeira à extrema direita", afirmou Inês Sousa Real, no rescaldo da noite eleitoral.

Inês Sousa Real é a única deputada eleita pelo PAN e garante que vai continar a lutar pelas "causas que temos vindo a trabalhar como a proteção animal, social, os direitos humanos e sociais". 

A líder do PAN convidou todos os presentes na Sala Tejo da Estação do Rossio, em Lisboa, a festejar esta vitória do partido. "Apesar de não termos elegido um grupo parlamentar estivemos a 800 votos de eleger Anabela Castro no Porto", afirma Sousa Real. "Na próxima legislatura iremos continuar a defender as nossas causas, os direitos das mulheres, a igualdade, a inclusão e a não discriminação".

Inês Sousa Real recorda, ainda, que estamos a pouco tempo de voltar às urnas, desta vez para as eleições europeias. "Daqui a uns meses estaremos a lutar por um lugar no Parlamento Europeu e vamos conseguir esse lugar na Europa", garante, animada pela (curta) vitória nas legislativas.

A líder do PAN voltou a criticar a AD e o Chega. "Tal como temos dito há valores irrevogáveis, como os direitos das mulheres e os direitos sociais". E acrescenta: "A AD não acompanha o PAN na proteção animal ou na luta pelas alterações climáticas. Importa ter uma voz ativa na Assembleia da República". 

Inês Sousa Real vai mais longe e afiança: "Não viabilizaremos agendas políticas com soluções que vão contra os nossos valores". E exemplifica: "Há quatro milhões de pessoas na pobreza. Tanto o Chega como a AD põem em causa os apoios sociais, os direitos das mulheres, a igualdade, a escola pública e os apoios sociais".

Para a líder do PAN é claro: "Mais ninguém defende os animais, a natureza, a crise climática e os direitos das pessoas. O PAN tem essa voz ativa". E finaliza de forma bem vincada: "Os portugueses não querem uma agenda fascista a fazer lembrar o que acontecia antes do 25 de Abril".