A Sala Tejo da Estação do Rossio, em Lisboa, foi o local escolhido pelo ‘Pessoas, Animais e Natureza’ (PAN) para esperar pelos resultados finais das legislativas. Não foi um acaso: afinal de contas o passe social gratuito e o investimento na ferrovia eram duas das bandeiras do partido. Uma sala onde cabia pouca gente, não mais de 50 pessoas, e onde sobressaía a presença de um canídeo, também ele a demonstrar cansaço pela longa espera.
Ao longo da noite o ambiente foi sempre de silêncio e expectativa. Pelas 23:15 ainda faltavam sete mil votos a Inês Sousa Real para conseguir ser eleita, pelo círculo eleitoral de Lisboa.
A líder do PAN esteve na sala, ao início da noite, para reagir às primeiras projeções de resultados. Na altura assumia: “Há uma grande amplitude”. Tanto podia eleger quatro deputados como nenhum e o PAN sair do Parlamento. A meio da noite eleitoral voltou à sala para cumprimentar os poucos militantes que por aqui estavam. E voltou a sair.
Durante a noite eleitoral, Inês Sousa Real preferiu sempre o recato, bem como outros membros do partido. As bandeiras permaneceram enroladas, nas costas das cadeiras. Nunca houve momentos de alegria.
Só pelas 23:30 houve, finalmente, uma explosão de alegria na sala, com a eleição de Inês Sousa Real. Palmas e agitar de bandeiras que, mesmo assim, não duraram mais que um minuto. Afinal de contas, o PAN falha o tão desejado grupo parlamentar e a líder do partido continuará a ser deputada única no hemiciclo. “É frustrante porque foi por muito pouco que não conseguimos eleger um grupo parlamentar”, opina Bebiana Cunha, ex deputada do PAN.
Inês Sousa Real, por sua vez, logo ao início da noite, quando ainda lhe restava alguma esperança de eleger um grupo parlamentar, avisava que o PAN “faz muita falta ao Parlamento”. Ainda assim, reforçava Inês Sousa Real, “os resultados estão já em crescimento face àqueles de 2022”.
Ao mesmo tempo, a líder do PAN fez questão de distanciar-se da Aliança Democrática (AD). “Quem votou no PAN sabe que pode contar com o facto de as causas que representamos serem irrenunciáveis. Mantemos aquilo que dissemos até aqui em relação à Aliança Democrática”. E o que disse, há cerca de uma semana, foi forte: “Um voto a favor quer do Chega quer da Aliança Democrática é claramente um voto contra os direitos das mulheres, contra também a proteção dos animais (...)ou direitos sociais fundamentais”.