Guerra
01 agosto 2024 às 22h49
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Israel “num alto nível de prontidão” à espera da resposta “inevitável” do “eixo de resistência”

Nasrallah deixa promessa de retaliação no funeral de Shukr, alegando que israelitas cruzaram “linha vermelha”. Funeral de Haniyeh também foi esta quinta-feira, no dia em que as IDF confirmaram também a morte do líder militar do Hamas.

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, reiterou esta quinta-feira que “Israel está num alto nível de prontidão para qualquer cenário, tanto defensiva como ofensivamente”. Estas declarações surgiram depois de os israelitas confirmarem terem morto o líder militar do Hamas, Mohammed Deif, num ataque a 13 de julho na Faixa de Gaza (o grupo terrorista palestiniano não confirmou), e no dia dos funerais do líder político do Hamas, Ismail Haniyeh, e do líder militar do Hezbollah, Fuad Shukr.

O secretário-geral do grupo xiita libanês, Hassan Nasrallah, disse no funeral de Shukr ser “inevitável” responder à sua morte, fruto de um ataque israelita em Beirute. Afirmou que Israel “cruzou uma linha vermelha” e agora deve esperar “raiva e vingança em todas as frentes que apoiam Gaza”, numa referência ao “eixo de resistência” liderado pelo Irão, que inclui também o Hezbollah, o Hamas, os Houthis no Iémen e grupos armados xiitas iraquianos. “Entrámos numa nova fase”, avisou, dizendo que a resposta “virá inevitavelmente”.

Segundo indicaram fontes iranianas à Reuters, representantes de todo o “eixo de resistência” já estiveram reunidos a pensar numa retaliação à morte de Shukr e Haniyeh. “Dois cenários foram mencionados: uma resposta simultânea do Irão e dos aliados ou uma resposta escalonada de cada uma das partes”, indicou uma fonte à AFP. Na quarta-feira, o líder supremo do Irão, Ali Khamenei, ameaçou com uma “punição severa” a morte de Haniyeh num ataque em Teerão.

De acordo com o The New York Times, o líder político do Hamas foi morto com uma bomba que tinha sido contrabandeada secretamente há já dois meses para a casa de hóspedes onde costumava ficar quando ia à capital iraniana. Os explosivos foram detonados à distância quando se teve a confirmação de que ele estava no local, tendo o seu guarda-costas também morrido. Israel não admitiu a responsabilidade por este assassinato, ao contrário do que aconteceu com o de Shukr.

Na sua intervenção, Nasrallah alegou que a morte do líder militar do Hezbollah foi uma “agressão” e “parte da guerra” e não uma resposta ao bombardeamento que matou 12 crianças em Majdal Shams - cuja responsabilidade o grupo rejeita. “Temos a coragem de assumir a responsabilidade pelo local onde atacamos, mesmo que seja um erro. Se cometêssemos um erro, admitiríamos e pediríamos desculpa”, disse, alegando que “o inimigo fez-se juiz, júri e carrasco sem qualquer prova”.

O líder do grupo xiita libanês alega que Netanyahu quis usar a morte de Shukr como “uma conquista para aqueles que o acusam de fracasso”. E que o Hezbollah está a “pagar o preço pelo apoio a Gaza e ao povo palestiniano”, deixando claro que já está para lá da fase de apoio, declarando “a batalha aberta em todas as frentes”.

“Alto nível de prontidão”

Diante das promessas de retaliação da parte do “eixo de resistência”, Netanyahu disse que “Israel está num alto nível de prontidão para qualquer cenário, tanto defensiva como ofensivamente”. E insistiu, num vídeo colocado no X de uma reunião com vários responsáveis israelitas, que cobrará “um preço muito alto por qualquer ato de agressão” . 

As Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) confirmaram esta quinta-feira ter eliminado um dos arquitetos dos ataques de 7 de outubro num bombardeamento a 13 de julho em Khan Yunis, na Faixa de Gaza. Mohammed Deif era o líder da ala militar do Hamas, as Brigadas Al-Qassam, e foi morto junto com o seu braço direito, Rafa Salama. O grupo terrorista palestiniano só confirmou a morte deste último. Deif estava há anos na lista dos mais procurados de Israel, tendo alegadamente sobrevivido a sete outros atentados contra si.

Enquanto esperam uma eventual retaliação, as IDF mantêm a ofensiva na Faixa de Gaza. Pelo menos 15 pessoas terão morrido esta quinta-feira num ataque a uma escola na cidade de Gaza. “O complexo era utilizado pelo Hamas como esconderijo de comandantes e operacionais e para planear ataques terroristas contra o Estado de Israel”, indicaram as IDF.

susana.f.salvador@dn.pt