Semana num Minuto
29 junho 2024 às 09h17
Leitura: 10 min

Costa europeu, Biden balbuciante e Bardella a caminho do poder em França

SÁBADO

Portugal nos oitavos do Euro 2024 e nem foi preciso calculadora

Dizem os especialistas que a exibição nem foi deslumbrante, mas quem precisa de deslumbre quando no final o marcador mostrava uns claros 3-0 para Portugal face à Turquia, neste que foi o segundo jogo da seleção nacional neste Euro 2024. Numa tarde de sol em Dortmund, Bernardo Silva, Bruno Fernandes e um autogolo selaram o resultado e a passagem de Portugal aos oitavos de final, em primeiro lugar do grupo. Um resultado que levou Roberto Martínez a poupar muitos dos titulares no jogo de quarta-feira frente à Geórgia, acabando a seleção por sofrer dois golos a zero, mostrando que esta equipa B não convence, mesmo se o resultado não alterou nada. Habituados a fazer contas até ao último minuto - daquelas em que só passamos se ganharmos 5-2 e temos de esperar para saber o resultado do outro jogo em que uma das equipas tem de perder por três golos, certo? -, os adeptos portugueses desta vez puderam descansar. Agora venham os oitavos e a Eslovénia. E, como dizia Scolari já lá vão duas décadas, a fase do “mata-mata”, em que “meio golo” chega. 

DOMINGO

Álvaro Isidoro / Global Imagens

Rock in Rio diz até já ao Parque Tejo. Festival volta em 2026

Na sua estreia em Portugal, a rapper americana Doja Cat foi a responsável por encerrar o Palco Mundo no último dia do Rock in Rio. O festival assinalou 20 anos - e 10 edições - em Portugal com mais de 300 mil pessoas a passarem pelo Parque Tejo, para onde o evento se mudou este ano, vindo do Parque da Bela Vista. Nos quatro dias, multiplicaram-se os concertos - com os cabeças de cartaz a não desiludirem os fãs. Scorpions, Ed Sheeran, Jonas Brothers e Doja Cat foram os nomes grandes deste festival, onde muitos outros também puseram o público a cantar - da “veterana” Ivete Sangalo aos James, passando por Evanescence, Xutos, Jão ou Camila Cabello. Claro que não faltaram queixas, desde as inevitáveis e intermináveis filas para as casas de banho até às dificuldades nos transportes até ao recinto ou à falta de sombras no local. Para 2026 uma certeza: o Rock in Rio voltará a ter lugar no mesmo local - o Parque Tejo parece ter vindo para ficar, goste-se mais ou menos.

SEGUNDA

A França vista pela extrema-direita de Jordan Bardella

Conter a imigração e resolver questões ligadas ao custo de vida, mas também um “big bang de autoridade” nas escolas, com o uso de uniformes ou a proibição dos telemóveis nos estabelecimentos de ensino, a seis dias da primeira volta das legislativas antecipadas em França, Jordan Bardella apresentou as principais linhas do Rassemblement National (RN). Grande vencedor das europeias de 9 de junho, cujo resultado levou o presidente Macron a dissolver a Assembleia Nacional, o líder da extrema-direita francesa é agora candidato a primeiro-ministro e lidera todas as sondagens. Aos 28 anos, este filho de imigrantes, criado num bairro social em Seine-Saint-Denis, nesses arredores muitas vezes violentos de Paris, é a personificação da normalização que Marine Le Pen conseguiu para o partido que o pai criou. “Sete anos de ‘macronismo’ enfraqueceram o país”, disse Bardella num discurso que espera valer-lhe a chefia do governo, onde já prometeu bloquear qualquer envio de tropas francesas para a Ucrânia - uma promessa de Macron. Para já, a extrema-direita parece ter Matignon ao alcance, em 2027 será o Eliseu? 

TERÇA

AFP

Um acordo para Costa e a confirmação em Bruxelas

A notícia surgiu ao início da tarde: em Bruxelas, as três principais famílias políticas europeias alcançaram um acordo preliminar que confirmava o nome de António Costa para a presidência do Conselho Europeu, tal como Ursula von der Leyen na Comissão e a primeira-ministra estónia, Kaja Kallas, como chefe da diplomacia europeia, além de prever a reeleição da maltesa Roberta Metsola como presidente do Conselho Europeu. Apesar das críticas do primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, e da “irritação” da chefe do governo italiano, Giorgia Meloni, que já antes expressara publicamente a sua ambição por um lugar de destaque na estrutura institucional da UE, a confirmação dos nomes para os cargos europeus chegaria na quinta-feira à noite, depois de meia hora de debate sobre o assunto no Conselho Europeu, em Bruxelas. Meloni absteve-se quanto a Von der Leyen e votou contra Costa e Kallas, mas não travou os novos líderes das instituições europeias. Em outubro, Costa sucede a Charles Michel no cargo - tendo assento à mesa do G20 e do G7, entre outros -, com Portugal a juntar a presidência do Conselho Europeu ao secretário-geral da ONU, António Guterres.  

QUARTA

AFP

Assange livre e de punho erguido após longa batalha judicial 

De volta à sua Austrália natal após formalizar, nas ilhas Marianas do Norte, um território dos EUA no Pacífico, um acordo com a justiça americana que lhe garantiu a liberdade, Julian Assange saiu do avião de punho erguido, antes de abraçar a mulher, Stella, e o pai, John Shipton, diante das dezenas de jornalistas que o esperavam no aeroporto. O fundador da WikiLeaks viu assim chegar ao fim uma batalha judicial que durou 14 anos ao declarar-se culpado de uma única acusação de conspiração para obter e divulgar informações de defesa nacional, sendo condenado aos cinco anos e dois meses que já cumprira na prisão de alta segurança de Belmarsh, no Reino Unido, de onde voou para as Marianas do Norte e depois para a Austrália. Herói para os defensores da liberdade de expressão, vilão para os que pensam que pôs em perigo a segurança dos EUA ao divulgar centenas de milhares de documentos secretos, Assange está agora livre, mas continuará divisivo.  

QUINTA

Biden incoerente no debate deixa democratas em pânico

“Não faço ideia do que ele disse no fim daquela frase. E acho que ele também não” pode bem ser a frase que melhor resume o primeiro debate da campanha entre Joe Biden e Donald Trump. Foi dita pelo candidato republicano depois de o rival democrata, o presidente Joe Biden, ter balbuciado algo ininteligível quando questionado sobre a sua capacidade para resolver a questão migratória e a crise na fronteira com o México. Num frente a frente sem audiência e com o microfone desligado, para não permitir interrupções, o atual e o anterior inquilino da Casa Branca defrontaram-se na CNN, mas quem esperava que Biden acabasse com as preocupações em relação à sua idade - 81 anos, terá 82 na hora da posse, se vencer - ficou com ainda mais motivos de alarme. Com as sondagens a darem uma curtíssima vantagem ao republicano antes do debate, o desempenho de Biden parece ter mergulhado o seu Partido Democrata no pânico antes das eleições de 5 de novembro. Irá Biden retirar-se da corrida? Avança a vice, Kamala Harris? Alguém arrisca desafiá-lo na convenção de Chicago? Aerá sequer possível? O mundo fica em suspenso à espera.

SEXTA

Irão elege presidente entre um reformista e três conservadores

Pouco mais de um mês depois da morte do presidente, Ibrahim Raisi, num acidente de helicóptero junto à fronteira com o Azerbaijão, os iranianos foram chamados às urnas para escolher o seu sucessor. Com a Constituição a estabelecer que o escrutínio tem de decorrer até 50 dias após o falecimento do presidente, a perceção desta vez é que não há um vencedor antecipado. 80 pessoas registaram-se como candidatas, com o Conselho dos Guardiães a aprovar seis nomes, entre eles o reformista Massoud Pezoshkian. Segundo as sondagens, este pode ser primeiro ou segundo na primeira volta - dois candidatos desistiram à última hora. Com a economia em crise e o país numa espécie de torpor após os protestos devido à morte de uma jovem de 22 anos detida pela polícia dos costumes por não usar o véu de forma “correta”, o Guia Supremo, ayatollah Ali Khamenei, apelou ao voto, apostando numa vitória de um dos homens da linha dura, sendo o favorito o antigo negociador nuclear Saeed Jalili.