Quase dois milhões de peregrinos realizaram este domingo o último grande ritual do hajj (peregrinação anual a Meca), o "apedrejamento do diabo", junto a Meca, na Arábia Saudita, num dia em que os muçulmanos de todo o mundo celebraram o feriado de Eid al-Adha, ou festa do sacrifício.
No final de uma das maiores reuniões religiosas anuais do mundo, o governo de Amã anunciou que pelo menos 14 peregrinos jordanos tinham sucumbido a uma "onda de calor extremo", sublinhando o elevado custo físico dos rituais anuais que, nos últimos anos, têm ocorrido durante o verão saudita, que é um autêntico forno.
A partir do amanhecer, os cerca de 1,8 milhões de muçulmanos que este ano realizam a grande peregrinação a Meca atiraram sete pedras a cada uma das três paredes de betão que simbolizam o diabo no vale de Mina, situado fora da cidade mais sagrada do Islão.
O ritual comemora o apedrejamento do demónio por parte de Abraão nos três pontos onde se diz que Satanás tentou dissuadi-lo de obedecer à ordem de Deus para sacrificar o seu filho.
Ao longo dos anos, ocorreram vários acidentes trágicos por esmagamentos coletivos em Mina, o mais recente dos quais em 2015, quando cerca de 2300 fiéis foram mortos no pior desastre registado na celebração do hajj.
Desde então, o local foi renovado para facilitar o movimento das grandes multidões. No entanto, as estradas que conduzem aos muros de betão estavam cheias neste domingo, com alguns peregrinos a debaterem-se sob o sol da manhã. Pelo menos dois peregrinos foram vistos deitados na berma da estrada.
"É muito difícil, não conseguimos encontrar transporte. Já não me consigo levantar", diz Ahmed Alsayed Omran, um reformado egípcio de 70 anos, sentado no passeio. As temperaturas subiram muito acima dos 40 graus Celsius ao longo da semana e, no sábado, atingiram 46 graus no Monte Arafat, onde os peregrinos fizeram horas de orações ao ar livre.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Jordânia disse no domingo que, para além dos 14 peregrinos jordanos que morreram "depois de sofrerem insolação devido à onda de calor extremo", 17 outros estavam "desaparecidos".
Também o Irão comunicou a morte de cinco peregrinos, mas não especificou a causa.
A Arábia Saudita não forneceu qualquer informação sobre as vítimas mortais.
Durante o hajj do ano passado, pelo menos 240 pessoas, muitas das quais oriundas da Indonésia, morreram, de acordo com os números anunciados por vários países, que também não especificaram as causas da morte.