Encontro
23 março 2024 às 23h13
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Ventura reúne-se com direita europeia para atacar imigração

Sob o lema de perseguir a cooperação na Europa, o grupo Identidade e Democracia reuniu-se em Roma, onde o líder do Chega insistiu numa “batalha a travar entre o bem e o mal”.

Imigração, corrupção, guerra, paz  e luta pelos “valores”. Foram estes os temas exaltados pelo líder do Chega, André Ventura, no seu encontro à porta fechada em Roma, este sábado, com os partidos de extrema-direita europeus que integram o grupo Identidade e Democracia, que inclui o partido Liga, liderado pelo número dois do Governo italiano, Matteo Salvini, e o Rassemblement National (antiga Frente Nacional, em França), que conta com Marine Le Pen nos comandos.

O tema deste encontro - Winds of Change (ventos de mudança, numa tradução livre) - colide com o conservadorismo sublinhado pelos intervenientes nesta cimeira dedicada às causas dos partidos europeus congéneres do Chega.

Na rede social X (antigo Twitter), André Ventura publicou uma fotografia da sua intervenção e deixou uma nota que tanto se refere à sua participação no evento como àquilo que foi defendido pelos seus homólogos: “Em Roma com a nossa família política, Identidade e Democracia, a falar dos grandes desafios que a Europa enfrenta na luta contra a imigração ilegal, a corrupção e a ideologia de género nas escolas.”

Apoiando-se no recente ataque a Moscovo reivindicado pelo Estado Islâmico, André Ventura, no seu discurso, de acordo com um excerto publicado no X, defendeu que, “se abrirmos sempre as nossas fronteiras, acabaremos por não ter fronteiras em todo o continente”, acrescentando, no entanto,  que  “devemos apoiar aqueles que fogem da guerra e do terrorismo no mundo”.  

“Mas o que aconteceu ontem em Moscovo deve lembrar-nos que devemos permitir que aqueles que vêm ao nosso continente venham fazer o bem, àqueles que vêm trabalhar, aceitando os nossos valores”, sustentou.

Para além disto, segundo uma nota da agência Efe, a sublinhar o caráter conservador do partido e a contrastar com o mote do encontro, Ventura apontou para as eleições para o Parlamento Europeu, que decorrem entre os dias 6 e 9 de junho próximos, afirmando que  “os nossos valores estão em jogo” e que “a Europa é um continente cristão e deve continuar a sê-lo”.

Também as expressões dos líderes dos outros partidos de extrema-direita não deram tréguas aos seus opositores. Matteo Salvini atacou o presidente francês, Emmanuel Macron, acusando-o de ser um perigo para a Europa por este ter defendido o envio de tropas terrestres para a Ucrânia.

A palavra “belicista”, muitas vezes evocada, em Portugal, pelos dirigentes do PCP para apontar o dedo ao apoio militar dado pela Europa à Ucrânia, foi também utilizada pelo governante italiano para descrever Macron.

Continuando com o elenco internacional dos congéneres de Ventura, também Marine Le Pen, que participou no encontrou através de uma mensagem de vídeo, reservou algumas farpas para Giorgia Meloni, que lidera o governo em Itália, apoiada por Salvini.

“Lutaremos com todas as nossas forças para impedir um segundo mandato de [Ursula] von der Leyen”, afirmou sobre a atual presidente da Comissão Europeia. Sem hesitações, Le Pen desafiou Meloni a tomar uma posição sobre Von der Leyen.

“Deves a verdade aos italianos, tens de decidir o que farás. Na direita, o único candidato que se oporá a Von der Leyen é Matteo Salvini”, considerou.

As críticas à líder da Comissão Europeia já tinham sido justificadas antes, com Le Pen a acusar Von der Leyen de querer “que a defesa, a fiscalidade e os cuidados de saúde passem a ser da responsabilidade da Comissão Europeia”, em detrimento da vontade dos Estados-membros.

Salvini, dividido entre a sua congénere europeia e a líder do executivo italiano que pertence a outro grupo de extrema-direita na Europa - Conservadores e Reformistas Europeus -, afirmou que “o Governo prosseguirá até 2027. Tentam dividir-nos, mas não o conseguirão. Em Giorgia Meloni encontrei uma amiga. Claro que entre amigos pode haver diferentes pontos de vista.”