As autoridades estavam a realizar esta quarta-feira de manhã buscas nos gabinetes de um colaborador do Parlamento Europeu em Bruxelas e Estrasburgo, no âmbito de uma investigação sobre suspeitas de ingerência russa e corrupção, anunciou o Ministério Público Federal belga.
Segundo uma fonte próxima do caso, trata-se de um antigo assistente parlamentar do eurodeputado alemão Maximilian Krah, do partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD).
De acordo com o Ministério Público belga, as buscas também decorriam na casa deste suspeito, Guillaume Pradoura, em Bruxelas.
Krah é atualmente assistente parlamentar do eurodeputado neerlandês Marcel de Graaff, membro do Fórum para a Democracia, um partido eurocético e conservador holandês.
"Estas buscas fazem parte de um caso de ingerência, corrupção passiva e participação numa organização criminosa, e dizem respeito a indícios de ingerência russa, segundo os quais membros do Parlamento Europeu foram abordados e pagos para promover propaganda russa através do sítio web de notícias Voz da Europa", afirmou o Ministério Público em comunicado.
"Há provas de que o funcionário do Parlamento Europeu em causa desempenhou um papel importante neste caso", acrescentou a mesma fonte.
A investigação foi lançada pelo Ministério Público federal belga em abril, na sequência da identificação de uma rede de influência financiada por Moscovo.
No final de março, Praga revelou que os serviços secretos checos tinham descoberto uma rede financiada e orquestrada por Moscovo que difundia propaganda pró-russa sobre a Ucrânia através do site Voz da Europa.
A Bélgica - que atualmente preside ao Conselho da União Europeia - sublinhou então que, segundo os seus serviços, os deputados europeus "tinham recebido dinheiro" desta rede para transmitir mensagens da Rússia. Em abril, o primeiro-ministro belga, Alexander de Croo, deu conta do início da investigação sobre a alegada interferência russa pelo Ministério Público Federal, depois de os serviços de informação terem descoberto acções criminosas para tentar influenciar o resultado das eleições para o Parlamento Europeu, que se realizam de 6 a 9 de junho na União Europeia.
O Voz da Europa foi recentemente colocada numa lista de sanções da União Europeia e proibido de emitir.
"No âmbito de um processo do Ministério Público Federal iniciado em abril de 2024, a Polícia Judiciária Federal de Bruxelas, por ordem de um juiz de instrução do tribunal de língua neerlandesa de Bruxelas, efetuou buscas, em 29 de maio, no domicílio de um funcionário do Parlamento Europeu em Schaerbeek [uma comuna de Bruxelas] e no seu gabinete no Parlamento Europeu em Bruxelas", declarou o Ministério Público.
"Simultaneamente, em estreita colaboração com a Eurojust e as autoridades judiciais francesas, foi igualmente efectuada uma busca, a pedido do juiz de instrução belga, no gabinete deste funcionário no Parlamento Europeu em Estrasburgo", acrescenta o comunicado.