Depois, noutra reviravolta inesperada, começou uma longa palestra sobre o seu 13º livro: “Capitalismo, Socialismo e a Armadilha Neoclássica”.
Milei voltou a alguns dos seus temas favoritos, que levantou em fóruns internacionais, como a crítica ao socialismo e ao aborto, que ele disse ser um "mecanismo para massacrar populações".
O liberal de 53 anos era um político outsider quando foi eleito no ano passado, numa onda de sentimento antigovernamental, prometendo travar as décadas de declínio económico da Argentina.
Neste show fez regressar a sua excêntrica personalidade de estrela rock - um resquício de sua juventude numa banda que fazia covers dos Rolling Stones -, que conquistou eleitores durante sua campanha eleitoral.
Diante de milhares de apoiantes, Milei cantou a música “Panic Show”, da banda argentina La Renga. De acordo com sua equipa, o evento foi custeado pelo próprio presidente e amigos, e não usou verbas estatais.
"Estou aqui para apoiar Javier em tudo o que ele faz. Gosto das ideias dele, gosto do que ele faz, ele é sincero, é transparente, diz o que pensa", exultava Santiago Roldan, um funcionário de supermercado, de 20 anos, à reportagem da AFP.
Milei, um economista que se tornou um popular comentador televisivo antes de entrar na política, deu uma lição de economia liberal que se estendeu desde o antigo Egipto até à queda do Muro de Berlim.
À medida que a noite avançava, muitos dos cerca de 10.000 apoiantes foram embora.
Milei “continua a ser uma personagem que gosta de fazer espetáculo”, comentou o cientista político Rosendo Fraga, da Academia de Ciências Morais e Políticas.
O presidente argentino tem estado sob os holofotes internacionais nos últimos dias, depois de ter chamado a mulher do primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, de "corrupta", provocando um conflito diplomático.
O espectáculo de lançamento do seu livro aconteceu poucas horas depois da divulgação das últimas estatísticas que mostram que a atividade económica abrandou 8,4% em termos anuais em março, fruto da política de austeridade do seu governo.
Milei cortou nos gastos públicos, reduziu a metade o gabinete de governação, eliminou dezenas de milhares de empregos públicos, suspendeu novos contratos de obras públicas e eliminou subsídios aos combustíveis e aos transportes.
O político liberal também desvalorizou o peso argentino em 50% e as medidas atingiram duramente os consumidores. Embora a inflação esteja a abrandar, os preços ainda subiram cerca de 290% em relação ao ano anterior.