Guerra
04 junho 2024 às 21h52
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Israel volta a atacar centro de Gaza, onde se sobrevive com água do esgoto

OMS alerta para as condições a que os habitantes do enclave estão sujeitos, quando a guerra recrudesce e pode espalhar-se para o Líbano.

Há palestinianos a beber água dos esgotos e a comer ração de animais, denuncia a Organização Mundial de Saúde (OMS). Enquanto a crise humana se agrava, no terreno, as forças israelitas voltaram a atacar o centro da Faixa de Gaza e as tensões aumentaram entre Telavive e o Hezbollah. Joe Biden, que vai levar a sua proposta de cessar-fogo ao Conselho de Segurança da ONU, criticou o primeiro-ministro israelita. 

Hanan Balkhy, diretora regional da OMS para o Mediterrâneo Oriental, apelou para um acesso imediato às populações de Gaza, onde alguns habitantes estão obrigados a recorrer a condições desumanas para sobreviver. “Há pessoas que agora comem ração animal, comem erva, bebem água dos esgotos”, disse em entrevista à AFP. A especialista em saúde infantil alertou também para os efeitos graves e duradouros nas crianças. “As crianças mal conseguem comer, enquanto os camiões estão parados à porta de Rafah.” As Nações Unidas alertaram há muito para o facto de a fome estar iminente em Gaza, onde cerca de metade da população enfrenta níveis catastróficos de insegurança alimentar, com as condições a deteriorarem-se ainda mais em maio.

O exército israelita anunciou o início de uma incursão terrestre no campo de refugiados de al-Bureij, na zona central do enclave. Horas antes, e com recurso a drones, as forças de Israel atacaram uma escola da Agência das Nações Unidas para os Refugiados da Palestina (UNRWA), onde dizem que se alojavam elementos do Hamas. O exército afirmou que foram utilizadas “armas de precisão” para “evitar, na medida do possível, danos a quem não estava envolvido”. O Hamas, através das autoridades de Saúde, disse que o ataque causou 11 mortos, entre os quais três pessoas da mesma família e oito polícias.

Noutra frente, Israel está em alerta para novos incêndios florestais, depois de as munições disparadas do Líbano pelo Hezbollah na noite anterior terem provocado incêndios no norte de Israel. O chefe do exército, tenente-general Herzi Halevi, visitou as áreas afetadas pelo fogo e disse que Israel “estava a aproximar-se de um ponto em que teria de ser tomada uma decisão”. Concluiu: “O Hezbollah aumentou os seus ataques nos últimos dias e nós estamos preparados para avançar numa ofensiva no norte.”

Em entrevista à Time, o presidente norte-americano criticou o primeiro-ministro israelita. Questionado se acreditava que se Benjamin Netanyahu estava a prolongar a guerra para seu benefício, Biden respondeu afirmativamente. “Há muitas razões para as pessoas chegarem a esta conclusão.” Em conversa com Netanyahu, o francês Emmanuel Macron apoiou a iniciativa de Biden e disse que uma Autoridade Palestiniana reformada deve governar Gaza.