Esta foi a primeira vez que a SpaceX pôs à prova o escudo térmico da Starship, feito de 18 mil ladrilhos de cerâmica preta.
A agência reguladora da aviação dos Estados Unidos, a FAA, anunciou entretanto que, assim como nos testes anteriores, vai supervisionar a investigação da SpaceX sobre as falhas durante a operação.
Transferência de combustível
A empresa de Elon Musk conta com Starship para atingir o seu objetivo de levar a humanidade a Marte. A agência espacial americana, Nasa, também quer utilizá-lo para transportar os seus astronautas à Lua durante a missão Artemis 3, em 2026.
O administrador da Nasa, Bill Nelson, deu os parabéns à SpaceX esta quinta-feira pelo seu terceiro voo "bem-sucedido".
No primeiro teste, em abril de 2023, a SpaceX foi forçada a explodir o Starship poucos minutos após o lançamento, uma vez que os dois estágios não conseguiram se separar. O foguetão acabou por se desintegrar numa bola de fogo e caiu no Golfo do México.
No segundo teste, em novembro do mesmo ano, o propulsor separou-se da nave espacial, mas logo depois ambos explodiram sobre o oceano. A nave, entretanto, havia alcançado uma altitude de aproximadamente 150 quilometros, entrando no espaço.
Neste terceiro voo, a SpaceX testou a abertura da escotilha que poderá ser usada no futuro para liberar cargas, como satélites, para o espaço.
Além disso, era esperado que a companhia começasse a testar a capacidade da nave para transferir combustível no espaço.
Para chegar à Lua, o foguete precisará reabastecer seu combustível. Com o tempo, a ideia é demonstrar que os foguetões poderiam ser enviados ao espaço para se tornarem uma espécie de "postos de serviço" em órbita.
O método SpaceX
Para estes testes, os protótipos utilizados não transportam qualquer carga. E a SpaceX, que desenvolve modelos de Starship desde 2018, já produziu diversas cópias de seu foguetão.
O método de desenvolvimento da SpaceX é diferente do de outras empresas tradicionais e agências espaciais nacionais. Ao contrário destes últimos, que utilizam recursos dos contribuintes, a empresa de Elon Musk opera com recursos próprios, o que lhe permite correr mais riscos.
A companhia também utiliza uma técnica de "desenvolvimento iterativo", baseada em testes sucessivos, sem grandes intervalos de tempo, nos quais as lições aprendidas permitem realizar mudanças rapidamente para os próximos voos.
A cada teste, "aprendemos algo novo", declarou Musk num discurso aos funcionários em janeiro. "É sempre melhor sacrificar material do que sacrificar tempo", acrescentou.
O desenvolvimento dos foguetões Falcon, que com 96 missões bem-sucedidas em 2023 domina o mercado americano de lançamentos, também teve como base o princípio de múltiplos testes que fracassaram.
Reutilizável
Além do seu tamanho, o Starship deve ser completamente reutilizável.
Atualmente, apenas o primeiro estágio do foguete Falcon 9 retorna à Terra após cada lançamento para ser reaproveitado.
Segundo Musk, os testes dos dois estágios de Starship permitirão lançamentos ainda mais frequentes e com menos dinheiro: um imperativo para "colonizar" Marte.
O multimilionário afirmou esta semana que espera que o foguetão Starship faça "mais seis voos este ano".