González Urrutia – que contestou a reeleição do Presidente Nicolas Maduro, a 28 de julho – estava escondida há um mês, ignorando três convocatórias sucessivas para comparecer perante os procuradores e argumentar que a participação aa audiência poderia custar a sua liberdade.
“Depois de se refugiar voluntariamente na embaixada espanhola em Caracas há alguns dias, (González Urrutia) pediu o asilo político espanhol”, disse o vice-presidente da Venezuela, Delcy Rodriguez, nas redes sociais, acrescentando que Caracas tinha concordado com a sua passagem segura.
O ministro dos Negócios Estrangeiros espanhol, José Manuel Albares, disse no X que, a seu pedido, González Urrutia partiu num avião militar espanhol, acrescentando que Espanha estava "comprometida com os direitos políticos" de todos os venezuelanos.
Em declarações à televisão espanhola durante uma breve escala em Omã a caminho da China, Albares reafirmou que Espanha concederá "naturalmente" o asilo político ao candidato da oposição às eleições presidenciais da Venezuela.
"O Governo vai naturalmente [...] concedê-lo", disse o ministro dos Negócios Estrangeiros espanhol.
O advogado de González Urrutia, José Vicente Haro, também confirmou à AFP que o candidato da oposição tinha viajado para Espanha, recusando-se a comentar mais detalhes.
Já o alto representante da União Europeia para os Assuntos Externos, Josep Borrell, disse que hoje "é um dia triste para a democracia", após ser confirmado o exílio do candidato presidencial venezuelano Edmundo González em Espanha.
A Venezuela está em crise política desde julho, quando as autoridades declararam Maduro o vencedor das eleições.
A oposição venezuelana e diversos países da comunidade internacional denunciaram uma fraude eleitoral e exigiram que sejam apresentadas as atas de votação para uma verificação independente, o que o CNE diz ser inviável devido a um "ciberataque" de que alegadamente foi alvo.
Os resultados eleitorais têm sido contestados nas ruas, com manifestações reprimidas pelas forças de segurança, com o registo de cerca de duas mil detenções e de mais de duas dezenas de vítimas mortais.
Após a eleição, os procuradores venezuelanos emitiram um mandado de detenção a González Urrutia por causa da sua insistência de que ele foi o vencedor legítimo das eleições.
Falando numa reunião do partido socialista no sábado, o primeiro-ministro Pedro Sanchez descreveu González Urrutia como “um herói que Espanha não vai abandonar”.