Enzo Fernández pediu desculpa mas FIFA anuncia investigação a cânticos racistas de jogadores argentinos

A FIFA anunciou esta quarta-feira a abertura de uma investigação sobre cânticos racistas de jogadores argentinos depois de vencerem a Copa América no domingo.

"A FIFA tem conhecimento de um vídeo que circula nas redes sociais e o incidente está a ser investigado. A FIFA condena veementemente qualquer forma de discriminação por parte de qualquer pessoa, incluindo jogadores, adeptos e dirigentes", disse um porta-voz do organismo que rege o futebol mundial.

A Federação Francesa de Futebol (FFF) tinha anunciado na terça-feira que iria avançar com uma queixa na Justiça contra os "insultos racistas e discriminatórios" de futebolistas argentinos.

"Dada a gravidade dos comentários chocantes, contrários aos valores do desporto e dos direitos humanos, o presidente da FFF contactou diretamente o seu homólogo argentino e a FIFA, e decidiu apresentar uma queixa em tribunal por insultos raciais e discriminatórios", informou a federação gaulesa.

Já a ministra do Desporto francesa, Amélie Oudéa-Castéra, qualificou de "patéticos" os cânticos contra os futebolistas franceses que são ouvidos num vídeo publicado no perfil do médio argentino Enzo Fernández (ex-Benfica), que atua nos ingleses do Chelsea, enquanto comemorava com os seus colegas a conquista da Copa América no domingo.

"O comportamento é ainda mais inaceitável porque se repete. E uma reação da FIFA?", questionou a governante, relembrando as declarações racistas feitas por adeptos argentinos 'online' contra a equipa francesa depois de a seleção sul-americana ter vencido o Campeonato do Mundo de 2022, no Qatar, batendo na final os gauleses, no desempate nas grandes penalidades, após um empate 3-3.

Enzo Fernández desculpou-se pelo sucedido. "Quero pedir desculpas sinceras por um vídeo postado no meu canal do Instagram durante as comemorações da seleção nacional", escreveu Fernández em inglês nas redes sociais.

"Sou contra todas as formas de discriminação e peço desculpas por ter me deixado levar pela euforia das comemorações da Copa América", acrescentou o jogador do Chelsea. "Esse vídeo, esse momento, essas palavras, não refletem minhas crenças nem o meu caráter. Lamento muito", continuou ele.

No vídeo, transmitido ao vivo e filmado no autocarro da seleção argentina, os jogadores são vistos a cantar: "Corre a bola, eles jogam na França mas são...", cantam, antes das imagens serem cortadas. "Jogam pela França mas são de Angola", dizem outros versos da canção que não aparecem no vídeo. "O pai é cambojano, mas o passaporte é francês".

Um cântico que remonta à final do Mundial de 2022, na qual a Argentina venceu a França. A música tem como alvo o avançado francês Kylian Mbappe e inclui insultos homofóbicos.

Além das queixas da Federação Francesa de Futebol também o Chelsea já tinha anunciado anteriormente que tinha iniciado um procedimento disciplinar interno contra Enzo Fernandez por causa do incidente.

“O Chelsea Football Club considera todas as formas de comportamento discriminatório completamente inaceitáveis", disse o clube em comunicado. “Reconhecemos e apreciamos o pedido de desculpas público do nosso jogador e vamos usar isso como uma oportunidade para educar", acrescentou anunciado a abertura de um procedimento disciplinar interno.

A recente rivalidade futebolística entre França e Argentina nasceu no Mundial de 2018, na Rússia, quando os 'bleus' eliminaram a Argentina, por 4-3, nos oitavos de final, graças, em grande parte, a uma atuação de grande nível de Mbappé, que, então com 19 anos, apontou dois golos.