Vinte polícias e três carrinhas de Intervenção Rápida estão estacionadas na zona do Campo 24 de Agosto, no Porto. Estamos na manhã do último sábado, um dia nublado e normal na cidade. Turistas dividem as ruas com moradores, os cafés estão cheios e há pessoas à espera do transporte público com sacos de compras. Este é uma manhã normal, à exceção do reforço de policiamento na zona do Bonfim.
“Desde a primeira quinzena do mês anterior [maio, quando a casa de cinco imigrantes foi invadida e estes agredidos] que a Polícia de Segurança Pública definiu e estabeleceu um policiamento de visibilidade específico para a zona do Campo 24 de Agosto através da esquadra da área (3.º Esquadra - Heroísmo) com o apoio de várias valências que compõe a PSP”, explica fonte oficial da PSP ao DN.
Como resultado desse policiamento visível, a polícia destaca já ter diminuído “as queixas dos cidadãos que residem e trabalham naquela zona”. No entanto, o tema da insegurança continua presente nas conversas dos moradores. O DN ouviu vários empresários, trabalhadores e residentes da zona. Os relatos vão no sentido de que os portugueses estão com medo dos imigrantes e os imigrantes estão com medo dos portugueses.
A Associação Comercial do Porto (ACP) escreveu uma carta à ministra da Administração Interna, Margarida Blasco, em que alerta para a “preocupação com a crescente vaga de insegurança existente na cidade do Porto”, de acordo com notícia da Agência Lusa. Os exemplos citados pela ACP vão desde “casos de tráfico e consumo de droga, confrontos como o do ataque a imigrantes no Campo 24 de Agosto no dia 4 de maio, furtos a carros e lojas, ruído e desordem em zonas de diversão noturna ou aumento dos sem-abrigo, que têm a mendicidade como último recurso de sobrevivência”.
Na semana passada, dois cidadãos indianos foram agredidos na Rua da Alegria, cerca de um mês depois de cinco imigrantes terem a casa invadida por três portugueses e serem espancados. Ao DN, a PSP do Porto explica que, neste momento, decorre a investigação no sentido de apurar a identificação dos suspeitos. Foram realizadas diligências “com vista à preservação de prova”.