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Política
03 agosto 2024 às 09h18
Leitura: 5 min

Problemas nas urgências: “A última reforma estrutural a sério foi no tempo do Sócrates”

IL lembra que só na governação de Sócrates houve uma reforma "a sério" e avisa para "bomba-relógio". PS acusa ministra da Saúde de causar “insegurança” no SNS. Chega diz que "PSD está a dar continuidade às políticas do PS". Deputados do PSD avisam para “caos” no Hospital de Leiria.

O alerta veio dos cinco deputados PSD eleitos por Leiria. Saberá a ministra da Saúde dos “constrangimentos nos hospitais de Leiria e das Caldas da Rainha”. E a avaliação é severa: “A prestação dos cuidados de saúde tem vindo a degradar-se gerando até um clima de insegurança (…) é absolutamente inaceitável que os serviços de prestação de cuidados de saúde não se encontrem devidamente garantidos (…) um caos que os anteriores governos deixaram”.

Mas não apenas. Fonte social-democrata, que sublinha o “caos”, considera “inadmissível que a falta de um anestesista comprometa um serviço inteiro. É preciso rever todas as administrações [hospitalares], parece que estão a meter areia na engrenagem”.

Sofia Carreira, deputada do PSD que também subscreveu a carta enviada a Ana Paula Martins, estranha que “o problema esteja identificado há sete, oito meses e nada tenha acontecido. É estranho, sim. Dizem-nos que médicos não se inventam, que há falta de médicos, mas é estranho”.

Ana Abrunhosa, presidente da Comissão de Saúde na Assembleia da República, que considera que a ministra “danificou a coluna vertebral do Serviço Nacional de Saúde” com os “ataques” às administrações e com as mudanças na Direção Executiva do SNS e no INEM, acusa Ana Paula Martins de ter criado “instabilidade e insegurança”.

“É uma ministra sem força política, nem do lado do primeiro-ministro, nem do lado do ministro das Finanças. Não se pode colocar em causa uma reforma que tinha começado em janeiro e muito menos não dar prioridade às negociações com os profissionais da saúde”, afirma a deputada socialista.

Esta é, aliás, uma crítica partilhada pelo presidente do Sindicato Independente dos Médicos, Nuno Rodrigues, o único que assinou um protocolo de negociação com a tutela liderada por Ana Paula Martins, que diz “estranhar” que “só para os médicos é que não houve margem para negociar a valorização das gre- lhas salariais, quando “isso está a ser feito com outras categorias da Saúde e da Função Pública”, como professores, forças de segurança e militares.

Rui Cristina, deputado do Chega, também considera que o Governo “não está a priorizar” a Saúde estando até, afirma, “com falta de soluções” e a seguir a política do “pisca-pisca nas Urgências do Governo socialista”. 

“Isto é inadmissível. O PSD está a dar continuidade às políticas do PS”, afirma.
Marisa Matias, deputada do BE, recorda igualmente “as críticas do PSD às Urgências pisca-pisca do PS (as pessoas andavam de um lado para o outro à procura da que estivesse aberta)” para concluir que o atual Governo “não demorou muito a assumir que, afinal, as Urgências são para estarem fechadas. É uma aceitação incompreensível”.

Mais ainda: “Há um desinvestimento que parece intencional, uma desistência, um abandono. Há claramente uma opção de transferir serviços para os privados”.

A conclusão é, em tudo, idêntica à de Bernardino Soares, do PCP, que acusa a AD de ter como “única decisão e orientação a entrega aos privados do máximo que puder. Aliás, continuando o que o anterior Governo tinha feito”.

Mário Amorim Lopes, deputado da IL, considera que “Ana Paula Martins tem uma bomba-relógio entre mãos” até porque “a última reforma estrutural a sério no SNS foi no tempo do Sócrates”.

O deputado deixa ainda esta acusação: “O hospital de Coimbra está a recusar receber estas utentes [enviados pelos Hospitais de Leiria e Caldas da Rainha], o próprio INEM tem indicações para ir para o Santo António no Porto.  Se houver casos graves isto poderá significar, em alguns casos, a morte de alguém.”