O alerta veio dos cinco deputados PSD eleitos por Leiria. Saberá a ministra da Saúde dos “constrangimentos nos hospitais de Leiria e das Caldas da Rainha”. E a avaliação é severa: “A prestação dos cuidados de saúde tem vindo a degradar-se gerando até um clima de insegurança (…) é absolutamente inaceitável que os serviços de prestação de cuidados de saúde não se encontrem devidamente garantidos (…) um caos que os anteriores governos deixaram”.
Mas não apenas. Fonte social-democrata, que sublinha o “caos”, considera “inadmissível que a falta de um anestesista comprometa um serviço inteiro. É preciso rever todas as administrações [hospitalares], parece que estão a meter areia na engrenagem”.
Sofia Carreira, deputada do PSD que também subscreveu a carta enviada a Ana Paula Martins, estranha que “o problema esteja identificado há sete, oito meses e nada tenha acontecido. É estranho, sim. Dizem-nos que médicos não se inventam, que há falta de médicos, mas é estranho”.
Ana Abrunhosa, presidente da Comissão de Saúde na Assembleia da República, que considera que a ministra “danificou a coluna vertebral do Serviço Nacional de Saúde” com os “ataques” às administrações e com as mudanças na Direção Executiva do SNS e no INEM, acusa Ana Paula Martins de ter criado “instabilidade e insegurança”.
“É uma ministra sem força política, nem do lado do primeiro-ministro, nem do lado do ministro das Finanças. Não se pode colocar em causa uma reforma que tinha começado em janeiro e muito menos não dar prioridade às negociações com os profissionais da saúde”, afirma a deputada socialista.
Esta é, aliás, uma crítica partilhada pelo presidente do Sindicato Independente dos Médicos, Nuno Rodrigues, o único que assinou um protocolo de negociação com a tutela liderada por Ana Paula Martins, que diz “estranhar” que “só para os médicos é que não houve margem para negociar a valorização das gre- lhas salariais, quando “isso está a ser feito com outras categorias da Saúde e da Função Pública”, como professores, forças de segurança e militares.
Rui Cristina, deputado do Chega, também considera que o Governo “não está a priorizar” a Saúde estando até, afirma, “com falta de soluções” e a seguir a política do “pisca-pisca nas Urgências do Governo socialista”.
“Isto é inadmissível. O PSD está a dar continuidade às políticas do PS”, afirma.
Marisa Matias, deputada do BE, recorda igualmente “as críticas do PSD às Urgências pisca-pisca do PS (as pessoas andavam de um lado para o outro à procura da que estivesse aberta)” para concluir que o atual Governo “não demorou muito a assumir que, afinal, as Urgências são para estarem fechadas. É uma aceitação incompreensível”.
Mais ainda: “Há um desinvestimento que parece intencional, uma desistência, um abandono. Há claramente uma opção de transferir serviços para os privados”.
A conclusão é, em tudo, idêntica à de Bernardino Soares, do PCP, que acusa a AD de ter como “única decisão e orientação a entrega aos privados do máximo que puder. Aliás, continuando o que o anterior Governo tinha feito”.
Mário Amorim Lopes, deputado da IL, considera que “Ana Paula Martins tem uma bomba-relógio entre mãos” até porque “a última reforma estrutural a sério no SNS foi no tempo do Sócrates”.
O deputado deixa ainda esta acusação: “O hospital de Coimbra está a recusar receber estas utentes [enviados pelos Hospitais de Leiria e Caldas da Rainha], o próprio INEM tem indicações para ir para o Santo António no Porto. Se houver casos graves isto poderá significar, em alguns casos, a morte de alguém.”