Eleições autárquicas
07 agosto 2024 às 07h03
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PS e PSD sob pressão para arranjar candidatos nas maiores câmaras

Metade dos dez concelhos mais populosos do país têm de mudar de presidente por limitação de mandatos. Encontrar substitutos (e quem os desafie) não está a ser missão fácil.

Carlos Moedas é o único presidente das cinco maiores câmaras municipais de Portugal que poderá recandidatar-se em 2025, numas Autárquicas que já estão a provocar muitas movimentações nos principais partidos, não obstante faltar mais de um ano para as eleições.

Com Basílio Horta (Sintra), Eduardo Vítor Rodrigues (Vila Nova de Gaia), Rui Moreira (Porto) e Carlos Carreiras (Cascais) impedidos de irem a votos, por limitação de mandatos, tal como Ricardo Rio em Braga, o PS já começou a movimentar-se para encontrar candidatos vencedores que mantenham os seus bastiões e conquistem as principais cidades do país ao centro-direita.

Em Lisboa, onde Carlos Moedas procura um segundo mandato, podendo alargar a coligação de 2021 à Iniciativa Liberal, é voz corrente no PS que há tempo para definir o melhor candidato e a política de alianças, que pode implicar o regresso às frentes de esquerda. A ex-ministra da Saúde Marta Temido era a presumível escolhida, mas a ida para o Parlamento Europeu baralhou contas que podem envolver a ex-ministra da Presidência, Mariana Vieira da Silva, ou o ex-ministro do Ambiente, Duarte Cordeiro, que tem no currículo a vice-presidência da Câmara de Lisboa.

Mas sucede que Duarte Cordeiro se tem excluído de cargos políticos, pois teme ser constituído arguido na Operação Tutti-Frutti, que incide sobre autarcas socialistas e sociais-democratas lisboetas.

Um impedimento também válido para a Câmara de Sintra, embora seja o preferido de Basílio Horta, o fundador do CDS que, sem nunca se ter filiado no PS, termina 12 anos de mandatos com o estatuto de principal autarca socialista. As atenções dividem-se entre o vice-presidente da autarquia (e líder concelhio) Bruno Parreira, e a líder parlamentar do PS, Alexandra Leitão, que está a ser testada em sondagens internas.

Na direita, com o ex-candidato Ricardo Baptista Leite dedicado à promoção da Inteligência Artificial na Saúde, há movimentações para a terceira candidatura de Marco Almeida, que avançou uma vez como independente e outra com apoio do PSD. Mas na direção nacional social-democrata mantém-se a crença de que é possível convencer o apresentador televisivo Manuel Luís Goucha a devolver Sintra ao centro-direita.

Menores são as hipóteses de viragem em Cascais, apesar de o incumbente Carlos Carreiras ter ficado sem o sucessor que todos esperavam, com a ida de Miguel Pinto Luz para o Governo. Deverá caber ao novo vice-presidente da autarquia gerida pelo PSD e pelo CDS, Piteira Lopes, enfrentar uma figura nacional do PS, que poderá ser o atual vice-presidente da Assembleia da República, Marcos Perestrello, com o Chega e a Iniciativa Liberal a poderem complicar a provável vitória do centro-direita.

PS aponta ao Porto

Na Câmara do Porto, governada há três mandatos por Rui Moreira, uma das incógnitas é o destino do movimento que criou para se eleger. Esperando-se que o número 2 e vice-presidente da autarquia, Filipe Araújo, possa anunciar a candidatura no final do verão, condicionando a corrida Autárquica, o PS tem boas hipóteses de presidir ao município pela primeira vez desde 2001, quando Nuno Cardoso terminou o mandato de Fernando Gomes. Os ex-ministros socialistas Manuel Pizarro e José Luís Carneiro são vistos como potenciais vencedores, sobretudo se Araújo for mesmo a votos (eventualmente com apoio da Iniciativa Liberal), dividindo o eleitorado, mas a Aliança Democrática terá um trunfo forte se os apelos dos órgãos locais do PSD convencerem Pedro Duarte a sair do Governo.

Em Vila Nova de Gaia, autarquia dominada pelo PS nos últimos 12 anos, o favorito para a sucessão de Eduardo Vítor Rodrigues é o deputado socialista João Paulo Correia, recém-eleito presidente da concelhia. À direita, apenas se ouve alguns apelos à recandidatura do ex-líder do PSD Luís Filipe Menezes, que presidiu a câmara entre 1997 e 2013.