Aos 13 anos foi chamado de surpresa para um importante papel em Anatomia de uma Queda, o menino-cego que é o balanço humano deste thriller de investigação que caiu no goto da Academia de Hollywood. Milo Machado Graner, lusodescendente, filho de Susana Machado, uma artista plástica de Paris de origens minhotas (Famalicão), o ano passado viu a sua presença no filme que ganhou a Palma de Ouro ser elogiada por tudo e por todos. Agora, já sem as lentes de contacto azuis, tem 15 anos e duplicou na altura. Em português confessa estar nas nuvens com toda esta euforia em torno de si.
“Nunca tinha representado mas ajudou o facto de ter cegos na minha família. A diretora de atores, a Cynthua Harari, também obrigou-me a muita preparação. A Justine Triet também puxou muito por mim, apesar de na altura nunca me ter contado muito sobre a história. A ideia era precisamente eu durante as filmagens não perceber o que se iria passar. Ela não contou quase nada. Mas é incrível tudo o que se está a passar e até já sou reconhecido na rua. E em Cannes foi tudo muito surreal, especialmente a experiência do tapete vermelho”.
Quinta-feira foi nomeado ao César de Melhor Esperança masculina e já tem uma agente a tratar de si. Nesta altura, nota-se que há uma felicidade no seu olhar: “é algo estranho estar a olhar para mim no filme. Ainda assim, consigo abstrair-me e quando vi o filme esqueci que era eu e apreciei a história. Gosto muito de Anatomia de uma Queda, é intrigante”.
No futuro, quer continuar a estudar e garante que quer ser ator: “o problema é que em França há muitos que querem ser atores. Foi com muita sorte que comecei a fazer cinema. Foi uma senhora que me deu um papel na escola para ir a um casting e tive sorte.”.