A situação é “preocupante, crítica”: atualmente, no aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, 50 dos 90 efetivos da Polícia de Segurança Pública (PSP) estão de baixa médica. A denúncia é feita ao DN por Carlos Oliveira, agente no aeroporto e dirigente da Associação Sindical dos Profissionais de Polícia (ASPP, o maior sindicato dos polícias a nível nacional).
Ao DN, fonte da Direção Nacional da PSP confirma que “há alguns agentes de baixa na divisão de segurança aeroportuária” (que funciona desde que o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras foi extinto), sem no entanto avançar com um número concreto. Não obstante, “o normal funcionamento não está para já comprometido”.
Este é apenas mais um episódio na lista de casos recentes em que vários polícias se têm declarado incapazes de prestar serviço. Exemplo disso foi o Famalicão-Sporting, para a I Liga, que foi adiado no passado sábado por falta de operacionais da polícia.
“Os nossos agentes sofrem com desgaste físico e psicológico. Agora, há estes protestos e percebem que não vale a pena continuar assim, vão ao médico, que atesta as doenças e os agentes metem baixa”, resume Carlos Oliveira. Nos últimos dias, houve agentes que voltaram ao serviço, “mas hoje [segunda-feira] tivemos uns dois ou três a colocar baixa e isso voltou a desfalcar o efetivo”. “A situação é crítica”, repete.
De acordo com a Direção Nacional, a PSP não aceita as autodeclarações de doença: “Todos estes agentes têm cinco dias para justificar a ausência e a baixa tem de ser atestada por um médico. Uma vez que ainda não decorreu este período para justificar a ausência ao serviço, não nos é possível confirmar qual a origem da declaração de baixa médica.”
Recordando que “o serviço de segurança aeroportuária tem especificidades muito próprias”, Carlos Oliveira refere que “mesmo que haja um reforço de polícias vindos de fora (nomeadamente, do Comando Metropolitano de Lisboa), o trabalho não se consegue fazer de um dia para o outro”.
“A sorte disto”, diz o agente, “é que não tem havido aquilo a que se chama um código amarelo ou alertas mais graves” e o trabalho tem sido, por isso, “pacato”. Mas “se houver uma aterragem de emergência ou um passageiro desordeiro num avião ou numa porta de embarque, quem atua é a polícia”. As equipas de intervenção rápida - que normalmente atuam em situações de desordem - “têm seis efetivos, e neste momento estão reduzidas a dois ou três”.