Sondagem DN, JN E TSF
01 junho 2024 às 09h05
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Portugueses castigam Marcelo com a pior avaliação de sempre

Nem os eleitores da AD dão crédito ao presidente da República, que recebe 60% de avaliações negativas, com destaque para os homens e os mais velhos.

Não há registo de uma tão vincada impopularidade do presidente da República. No regresso dos barómetros políticos trimestrais da Aximage para o DN, JN e TSF, recebe quase duas avaliações negativas (60%) por cada nota positiva (32%). Pior ainda: quando se compara Marcelo Rebelo de Sousa com os líderes dos nove maiores partidos, só André Ventura está pior.

A última vez que se pediu a opinião dos portugueses sobre o presidente da República, em abril passado, o saldo (diferença entre notas positivas e negativas) foi positivo. Dois meses depois, não só é negativo, como é a pior avaliação de que há registo nesta série de barómetros, iniciados em junho de 2020: 28 pontos de saldo negativo.

Em abril passado, percebeu-se que havia dois segmentos que mantinham Marcelo no verde: as mulheres (nos homens a avaliação já era negativa); e os eleitores da AD (entre os restantes já tinha caído em desgraça, incluindo os socialistas, que foram, durante os últimos anos, a trave-mestra da sua popularidade). Neste mês de junho, o saldo é negativo em todos os segmentos da amostra (regiões, género, idades, classe social). A debandada inclui até os eleitores da AD (défice de 21 pontos).

Comentários polémicos

Uma explicação plausível para esta derrocada são os comentários controversos de Marcelo nas vésperas do 25 de Abril, perante correspondentes da imprensa estrangeira: os “comportamentos rurais” de Montenegro, a lentidão de um Costa “oriental”, ou a necessidade de “pagar os custos” da escravatura e do colonialismo.

Será necessário ter em conta, por outro lado, que houve uma alteração na grelha de respostas. Relativamente aos barómetros anteriores, nesta nova série desaparece a opção “nem bem, nem mal”. Os inquiridos terão de dar nota positiva ou negativa, ou simplesmente não dar a sua opinião. No entanto, e apesar de se ter feito a mesma alteração na avaliação aos líderes partidários, há quatro em terreno positivo, quando o habitual era estarem todos no vermelho.

Homens mais críticos

Note-se que, mesmo nos seus piores momentos, Marcelo Rebelo de Sousa foi sempre o político mais popular do país. Ao longo dos últimos quatro anos, há apenas um registo de uma avaliação negativa: foi em dezembro do ano passado, depois da sua decisão de demitir o Governo, dissolver ao Parlamento e convocar eleições legislativas antecipadas.

Analisando os diferentes segmentos, percebe-se que o presidente tem pior imagem entre os homens (saldo negativo de 38 pontos) e nas duas faixas etárias mais velhas (chega aos 36 pontos negativos nos que têm 65 ou mais anos). Em termos regionais, o castigo é mais pesado na Área Metropolitana do Porto e em particular no Sul e Ilhas (saldo negativo de 40 pontos). 

CONFIANÇA

Diferença mínima 
Há um outro dado inédito neste barómetro: o presidente da República (32%) e o primeiro-ministro (30%) estão quase empatados quando se pergunta quem merece maior confiança.

Costa sempre pior
No longo período de convivência entre Marcelo e Costa nunca houve dúvidas sobre quem tinha a confiança do povo: o presidente esteve sempre acima dos 40 pontos e o ex-primeiro-ministro sempre abaixo dos 20.

Fronteira Norte/Sul
Os resultados são bastante lisonjeiros para Luís Montenegro que, em termos regionais, vence nas regiões do Norte, Porto e Centro, enquanto Marcelo Rebelo de Sousa lidera em Lisboa e no Sul.

Marcelo à Esquerda
O presidente tem a confiança das mulheres (36%), das faixas etárias intermédias (35 a 64 anos), dos dois escalões com menores rendimentos e dos que votam à Esquerda (PS, BE, CDU, Livre e PAN).

Montenegro à Direita 
O primeiro-ministro é o favorito dos homens (34%), dos dois extremos da pirâmide etária (mais novos e mais velhos), dos dois escalões de maiores rendimentos e dos que votam à Direita (AD, IL e Chega).

rafael@jn.pt 

FICHA TÉCNICA
Sondagem de opinião realizada pela Aximage para DN/JN/TSF sobre temas da atualidade nacional política. Universo: indivíduos maiores de 18 anos residentes em Portugal. Amostragem por quotas, obtida a partir de uma matriz cruzando sexo, idade e região. A amostra teve 801 entrevistas efetivas: 697 entrevistas online e 104 entrevistas telefónicas; 376 homens e 425 mulheres; 175 entre os 18 e os 34 anos, 212 entre os 35 e os 49 anos, 208 entre os 50 e os 64 anos e 206 para os 65 e mais anos; Norte 271, Centro 167, Sul e Ilhas 123, A. M. Lisboa 240. Técnica: aplicação online (CAWI) de um questionário estruturado a um painel de indivíduos que preenchem as quotas pré-determinadas para pessoas com 18 ou mais anos; entrevistas telefónicas (CATI) do mesmo questionário ao subuniverso utilizado pela Aximage, com preenchimento das mesmas quotas para os indivíduos com 50 e mais anos e outros. O trabalho de campo decorreu entre 17 e 22 de maio de 2024. Taxa de resposta: 74,82%. O erro máximo de amostragem deste estudo, para um intervalo de confiança de 95%, é de +/- 3,5%. Responsabilidade do estudo: Aximage, sob a direção técnica de Ana Carla Basílio.