Dados do Sindicato
24 setembro 2024 às 15h29
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Adesão à greve dos enfermeiros em Setúbal é de 70% e há unidades de saúde encerradas

Há muitas unidades de saúde da região de Setúbal que estão a ser fortemente afetadas pela greve. A área cirúrgica do Hospital de São Bernardo, em Setúbal, aderiu a 100%.

 A adesão à greve dos enfermeiros convocada para esta terça e quarta-feira está entre os 60% e os 80% nos hospitais da região de Setúbal e há várias unidades de saúde encerradas, garantiu o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP).

"A greve dos enfermeiros, e vou falar particularmente no serviço de Setúbal, está com uma adesão bastante expressiva, acima dos 70%, e muitos centros de saúde estão encerrados ou estão a funcionar apenas com 30% dos enfermeiros", disse à agência Lusa Zoraima Prado, do SEP.

"A área cirúrgica do Hospital de São Bernardo, em Setúbal, aderiu a 100%. Tanto no bloco operatório como no serviço de cirurgia, a atividade está parada", acrescentou a sindicalista.

De acordo com as informações avançadas pelo sindicato, há muitas outras unidades de saúde da região de Setúbal que estão a ser fortemente afetadas pela greve de dois dias, decretada pelo SEP, que coincide com a greve geral convocada pela Federação Nacional dos Médicos (FNAM).

"O Centro Hospitalar do Barreiro/Montijo também está com uma adesão à greve de 70%, o Hospital Garcia de Orta, em Almada, com mais de 60%, e, no Hospital do Outão, em Setúbal, a adesão à greve dos enfermeiros é de mais de 80%", sublinhou Zoraima Prado, assegurando que também há várias unidades de cuidados de saúde primários com o serviço muito condicionado ou que estão mesmo fechadas.

"Estão encerradas a Unidade de Saúde Familiar (USF) do Vale da Amoreira e a Unidade de Cuidados de Saúde Primários (UCSP) da Baixa da Banheira (no concelho da Moita), as USF de Sesimbra e do Moinho de Maré (Seixal) e a USF da Aldeia Galega (Montijo). E as USF do Seixal e de Almada estão muito condicionadas porque estão a funcionar apenas com dois enfermeiros", indicou.

Confrontada com o acordo assinado entre o Governo e a plataforma de cinco sindicatos, que inclui o Sindicato dos Enfermeiros (SE), o Sindicato Independente de Todos os Enfermeiros Unidos (SITEU), o Sindicato Nacional dos Enfermeiros (SNE), o Sindicato Independente Profissionais Enfermagem (SIPENF) e o Sindicato Democrático dos Enfermeiros de Portugal (SINDEPOR), e que, segundo a ministra da Saúde prevê um aumento salarial de cerca de 20% até 2027, Zoraima Prado desafiou o Governo a reunir-se com o SEP.

"O Ministério da Saúde tem de agendar reunião e tem de nos apresentar uma proposta que não seja vergonhosa como aquela que conhecemos, que foi noticiada pelo próprio Ministério e que tem a ver com aumentos salariais", disse a sindicalista, convicta de que se trata de uma proposta que "mantém a discriminação de enfermeiros".

"A proposta nada diz acerca dos milhares de euros que o Governo pagou aos outros trabalhadores da administração pública em retroativos e que não quer pagar aos enfermeiros. Nada diz acerca do nosso risco e penosidade, sobre a questão da idade da reforma, sobre a questão da penosidade particular do trabalho por turnos. E a resposta dos enfermeiros está na adesão a esta greve", frisou.

À porta do Hospital de São Bernardo, a agência Lusa tentou ouvir vários utentes com consulta marcada, mas os que acederam falar tinham sido atendidos, como foi o caso de Teixeira Bargão, de 72 anos.

"Tinha consulta de Nefrologia marcada para hoje e fui atendido normalmente, sem qualquer problema", assegurou.

O movimento de utentes no Hospital de São Bernardo parecia muito inferior ao habitual, particularmente na sala de espera da consulta externa, muitas vezes superlotada, mas que hoje, dia de greve de médicos e enfermeiros, estava praticamente vazia cerca das 11:30. E o número de utentes nas salas de espera para as consultas de diversas especialidades também parecia ser muito menor do que o habitual.