Dinheiro
03 dezembro 2024 às 12h15
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Pensões, subsídios de desemprego, doença e incapacidade contribuíram para a redução do risco de pobreza em 2023

Sem estes apoios 40,3% da população residente em Portugal estaria em risco de pobreza em 2023. Taxa de risco de pobreza recuou para 16,6% no ano passado. Indicador caiu entre jovens com menos de 18 anos e adultos em idade ativa. Por outro lado, aumentou entre a população idosa.

A taxa de risco de pobreza no ano passado, ou seja, de habitantes com rendimentos monetários líquidos anuais inferiores a 632 euros por mês, recuou para 16,6%, ficando ligeiramente abaixo dos 17% registados em 2022, revelam os dados divulgados esta terça-feira, 3, pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).

Esta  quebra foi sustentada pelas pensões e transferências sociais, relacionadas com a doença e incapacidade, família, desemprego e inclusão social. Isto significa que sem estes apoios, e considerando apenas os rendimentos do trabalho, de capital e as transferências privadas, 40,3% da população residente em Portugal estaria em risco de pobreza em 2023, adiantam os dados do Inquérito às Condições de Vida e Rendimentos de 2023.

"As transferências sociais, relacionadas com a doença e incapacidade, família, desemprego e inclusão social, contribuíram para a redução do risco de pobreza em 4,8 p.p. (de 21,4% para 16,6%), sendo este contributo superior ao registado no ano anterior (4,2 p.p.)", explica o gabinete de estatística. Já  os rendimentos provenientes de pensões de reforma  e sobrevivência contribuíram, em 2023, para um decréscimo de 18,9%. no risco de pobreza, resultando assim numa taxa de risco de pobreza após pensões e antes de transferências sociais de 21,4%.

Numa análise aos grupos etários, o gabinete refere que os menores de 18 anos e os adultos em idade ativa viram este indicador cair (2,9% e 1,6%, respetivamente). Por outro lado, a taxa de risco de pobreza aumentou para a população idosa (+4%). "O risco de pobreza relativa aumentou principalmente nos agregados constituídos apenas por um adulto com 65 anos ou mais (33,7%, mais 5,5 p.p.6 ) e nos agregados constituídos por dois adultos com três ou mais crianças (28,2%, mais 4,6 p.p.)", indica ainda o INE.

O risco de pobreza diminuiu também quer para a população empregada (9,2% que comparam com 10% em 2022) quer para a população desempregada (44,3% que comparam com 46,7% no ano anterior).

Em 2024, e considerando os rendimentos do ano passado, registaram-se 2,1 milhões de pessoas em risco de pobreza ou exclusão social. A taxa de pobreza ou exclusão social recuou ligeiramente para 19,7%.

Já a taxa de privação material e social severa - que considera as situações em que não existe acesso a pelo menos sete dos treze itens analisados pelo INE, como, por exemplo,a capacidade de ter uma refeição de carne ou de peixe pelo menos a cada dois dias ou de manter a casa aquecida- também registou umde créscimo para 4,3% (4,9% em 2022)

Olhando para o mapa nacional, o risco de pobreza foi mais elevado na Região Autónoma dos Açores, com 24,2%, e na Região Autónoma da Madeira, com 19,1%, cenário habitual nos últimos anos. Ainda assim, o INE sublinha  "a maior redução da taxa de pobreza entre 2022 e 2023 [da Madeira] quando considerado o limiar de pobreza nacional". 

Já a Grande Lisboa é a região em que o risco de pobreza foi mais baixo (12,9%). As regiões Centro (15,8%), Oeste e Vale do Tejo (13,9%), Alentejo (15%) e Algarve (16,3%) registavam riscos de pobreza inferiores à média nacional, enquanto nas regiões Norte e Península de Setúbal a incidência da pobreza atingia, respetivamente,18% e 18,7% da população.