Fenómeno raro
11 maio 2024 às 00h06
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Auroras boreais em Portugal? Fenómeno raro visível em locais pouco habituais

Transformam o céu num mar de cores e são visíveis nas regiões nórdicas, mas algumas zonas em França, Inglaterra e nos EUA, onde este fenómeno é muito raro, também contemplam as auroras boreais. E há quem tenha partilhado imagens registadas em... Portugal. A 'culpa' é de uma tempestade solar.

As imagens de auroras boreais em zonas onde o fenómeno é muito raro já começam a inundar as redes sociais. Visíveis nas regiões nórdicas, as auroras boreais podem ser vistas na noite desta sexta-feira em alguns locais de França, Inglaterra e nos EUA, por exemplo. E há quem tenha partilhado imagens de auroras boreais registadas em Portugal, nomeadamente em Viseu, Coimbra, Guarda e Chaves. A razão é explicada por uma tempestade solar.

O Centro de Previsão do Tempo Espacial (SWPC) da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA) chegou mesmo a emitir um alerta de tempestade geomagnética severa para esta sexta-feira devido a uma série de erupções solares, uma situação que ocorre pela primeira vez em duas décadas. É que além de auroras boreais este tipo de tempestades, também raras, podem interferir nas comunicações, na rede elétrica, na navegação e nas operações de rádio e satélite.

"Tempestades geomagnéticas também podem desencadear exibições espetaculares de auroras na Terra", lê-se no comunicado da NOAA.

A administração Nacional Oceânica e Atmosférica estimou que as ejeções de massa coronal solar (CMEs, na sigla em inglês), grandes emissões de plasma e campos magnéticos do Sol, sejam registadas entre esta sexta-feira e sábado.

Uma tempestade  que ocorre numa altura em que o Sol está a aproximar-se do pico de um ciclo de 11 anos de atividade intensificada, explica a AFP.  "Alertamos todos os nossos operadores de infraestruturas com os quais trabalhamos, como operadores de satélites, de comunicação... e claro, a rede de energia na América do Norte", disse o especialista em meteorologia espacial Shawn Dahl.

A Administração Federal de Aviação (FAA) dos Estados Unidos, no entanto, afirmou que "não antecipa nenhum impacto significativo no sistema de espaço aéreo do país".

Ao contrário das erupções solares, que viajam à velocidade da luz e são capazes de alcançar a Terra em oito minutos, as ejeções de massa coronal solar viajam a um ritmo mais lento, de 800 km por segundo, ainda segundo a AFP.

Em outubro de 2003, tempestades geomagnéticas "extremas" causaram apagões na Suécia e danificaram transformadores de energia na África do Sul. Também podem ocorrer impactos na comunicação por rádio de alta frequência, GPS e satélites.

Mas também podem trazer outros efeitos, como a aparição de auroras boreais em lugares onde normalmente não são visíveis.

Mathew Owens, professor de física espacial na Universidade de Reading, disse à AFP que os efeitos serão sentidos principalmente nas latitudes norte e sul do planeta. O alcance exato dependerá da força final da tempestade.

"O norte do Canadá, a Escócia terão boas auroras; acredito que podemos afirmar isso com segurança", afirmou, acrescentando que a situação pode repetir-se no hemisfério sul. E é o que parece que se está a verificar, tendo em conta os registos de imagens deste fenómeno raro que enche de cor os céus nesta noite de sexta-feira.

"O meu conselho é que saiam esta noite e olhem, porque se virem a aurora é algo espetacular", sugere o professor. Muitos estão a seguir o conselho do especialista, já que muitas imagens de auroras boreais estão a ser publicadas nas redes sociais. 

Rede social X / MeteoTrasMontPT
Aurora boreal que etrá sido registada em Viseu

Brent Gordon, dos serviços meteorológicos espaciais da NOAA, sugere que as pessoas tentem tirar fotografias noturnas com os telemóveis, mesmo que a aurora não seja visível a olho nu. Pode ser que tenha uma surpresa com o que pode ser visto na foto tirada com os smartphones mais modernos, acrescentou.

As autoridades recomendam à população que siga as medidas diante de possíveis apagões, como ter por perto lanternas.

A maior tempestade solar registada é o "evento de Carrington", de 1859: destruiu a rede telegráfica nos Estados Unidos, provocou descargas elétricas e a aurora boreal foi visível em latitudes inéditas, até na América Central. 

Com AFP