Eleições legislativas
08 março 2024 às 16h19
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Manuela Ferreira Leite: Montenegro "é sereno" e "não é sujeito a alterações psicológicas"

Num almoço da AD, comemorativo do Dia Internacional da Mulher, a antiga presidente do PSD disse que o PS, que governou nos últimos oito anos, "ainda teve dois benefícios" ou duas bênçãos "que lhe caíram do céu", a pandemia de covid-19 e a inflação.

A antiga presidente do PSD Manuela Ferreira Leite elogiou esta sexta-feira Luís Montenegro, descrevendo-o como alguém que "é sereno" e "não é sujeito a alterações psicológicas" e, perante uma dívida, nunca diria que "era para não pagar".

Manuela Ferreira Leite, que discursava num almoço da Aliança Democrática (AD) na Estufa Fria em Lisboa, comemorativo do Dia Internacional da Mulher, traçou assim as diferentes entre o presidente do PSD e o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, que nunca nomeou diretamente.

"Eu queria dizer os motivos pelos quais nós, mulheres, apoiamos o Luís Montenegro. O Luís Montenegro é um sujeito leal, é um sujeito que é sereno, é tranquilo, é sensato", considerou. "Não é sujeito a alterações psicológicas", acrescentou, provocando risos.

A seguir, a economista, que foi ministra das Finanças e da Educação, fez alusão a um famoso discurso do atual secretário-geral do PS sobre a dívida pública, durante o período de assistência financeira externa a Portugal.

"[Luís Montenegro] é um indivíduo que, se algum dia dever dinheiro a alguém, eu acho que ele ultrapassa tenta de forma lógica, ponderada resolver o problema do pagamento dessa dívida. Eu acho que ele nunca se lembraria de dizer que uma forma simples e eficaz e irresponsável de a resolver que era não pagar", declarou. 

"Eu direi que qualquer um de nós é capaz de comprar um carro em segunda mão ao Luís Montenegro", acrescentou ainda a antiga presidente do PSD.

Coube a Manuela Ferreira Leite, primeira e até agora única mulher que liderou o PSD, entre 2008 e 2010, discursar antes de Luís Montenegro neste almoço de campanha da AD, no último dia de campanha para as legislativas antecipadas de domingo.

Na sala, estavam centenas de mulheres, espalhadas por cerca de 70 mesas, mas também alguns homens.

No início da sua intervenção, a antiga ministra saudou em especial o antigo chefe de Estado Aníbal Cavaco Silva, o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, e os líderes do CDS-PP, Nuno Melo, e do PSD, Luís Montenegro. Ao mencionar cada um, os seus nomes foram repetidos com entusiasmo.

No fim do seu discurso, Manuela Ferreira Leite referiu que nunca foi "muito defensora das igualdades e de características, enfim, várias coisas".

"Mas há uma coisa que eu reconheço, Luís Montenegro, que as mulheres têm e os homens não, que é um sexto sentido. E este sexto sentido diz-me que a AD vai ganhar as eleições e que Luís Montenegro vai ser um grande primeiro-ministro", exclamou, suscitando palmas.

Acusa PS de destruir Estado social, desbaratar PRR e coloca dúvidas sobre contas públicas

Manuela Ferreira Leite acusou o PS de ter destruído o Estado social com a sua governação, de desbaratar os fundos do PRR e colocou dúvidas sobre as contas públicas no futuro.

"Têm os orçamentos equilibrados, o que é verdade. Mas é verdade com meios que não são repetíveis. Portanto, a consolidação e o futuro desses alcances tão proclamados em termos financeiros, tenho algumas dúvidas", declarou Manuela Ferreira Leite.

Nesta iniciativa da coligação PSD/CDS-PP/PPM, a antiga ministra das Finanças e da Educação descreveu a atual situação do país como de "um empobrecimento grave e profundo" resultante de "políticas erradas e medidas ainda mais erradas" tomadas pelo PS, que resumiu desta forma: "Tiram-nos o dinheiro do bolso através dos impostos e depois dão-nos através de esmolas".

Do ponto de vista das mulheres, Manuela Ferreira Leite destacou a saúde e a educação, a incerteza quanto ao lugar "onde vão nascer os seus filhos", quanto ao "dia em que eles têm escola" e "a que aulas é que eles não têm professores".

"É quase que insólito que tenha sido pelas mãos do PS que acabaram com o Estado social -- coisa que o PSD sempre teve no seu programa", acrescentou.

Segundo a economista, o PS, que governou nos últimos oito anos, "ainda teve dois benefícios" ou "duas bênçãos que lhe caíram do céu", a pandemia de covid-19 e a inflação.

"A covid para este Governo foi uma benesse, foi uma desculpa para nada fazer, foi a possibilidade de poder ajudar quem efetivamente nessas alturas teve necessidade de apoios -- e que qualquer Governo com certeza que o faria, um Governo do PSD também o faria", sustentou.

A covid-19 deu ao PS no Governo "a oportunidade de receber da União Europeia um montante de recursos de tal forma volumoso", os fundos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), "e que ele tem desbaratado, não para investimentos para futura alteração do país, mas para muitas vezes pagar aquelas benesses que anda a distribuir para manter as pessoas ligadas ao Governo", acusou.

De acordo com Manuela Ferreira Leite, "a inflação foi outra benesse que lhes caiu em cima", porque "não só é uma desculpa para várias coisas que nada têm a ver com a inflação, como abriram os seus cofres e foi só entrar dinheiro".